Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - Produtores de soja de Goiás estão correndo contra o tempo para tirar o atraso no plantio e garantir a semeadura da safra 2017/18 dentro da janela ideal, até por volta de 10 de novembro, evitando assim possíveis perdas de produtividade, disse o consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faeg), Pedro Arantes.
Até quinta-feira da semana passada, apenas 6 por cento da área prevista havia sido plantada com a oleaginosa em Goiás, ante 42 por cento há um ano e 28 por cento na média de cinco anos, segundo o boletim mais recente da consultoria AgRural. Os dados indicam que o Estado está com o plantio mais atrasado entre os grandes produtores do país.
Quarto maior produtor nacional de soja, Goiás deve colher cerca de 10,5 milhões de toneladas da oleaginosa na safra 2017/18, abaixo das 11,4 milhões de toneladas do ciclo anterior, quando o clima foi considerado como "perfeito", segundo estimativas da Faeg.
Arantes explicou que o atraso é reflexo direto do menor volume de chuvas neste ano na região. Tanto que os produtores do sudoeste goiano, responsáveis pelo pouco do que foi semeado até o momento, terão de fazer o replantio em algumas áreas, em função de problemas de germinação devido ao tempo seco.
"Há anos em que já estamos com quase tudo plantado em outubro, uns 80 por cento, sobrando pouca coisa para novembro... Mas neste mês eu diria que choveu entre 10 e 15 por cento do normal", destacou o consultor técnico.
A regularidade das chuvas nos últimos dias, mesmo que em volumes modestos, reanimou os produtores, e por ora perdas de produtividade na safra estão descartadas, afirmou Arantes, ponderando que o rendimento das lavouras só será garantido caso essas condições climáticas se mantenham no início de novembro.
"Os produtores estão plantando dia e noite, a todo vapor. Acredito que nos últimos cinco dias tenham avançando uns 10 pontos percentuais no plantio. Se tudo correr bem, até 10 de novembro vai estar tudo liquidado, sem prejudicar a produtividade. Quanto mais o produtor atrasar, mais ele perde em produtividade."
Pela previsão do Agricultura Weather Dashboard, do terminal Eikon da Thomson Reuters, Goiás receberá de 70 a 120 milímetros de chuvas até 10 de novembro, a depender da região.
RISCOS
Embora as perspectivas para a produtividade de soja se mantenham até o momento em Goiás, o atraso no plantio neste ano pode acarretar em outros problemas.
Segundo Arantes, a semeadura mais lenta tende a retardar a colheita, que ocorre durante o verão, impactando o plantio da segunda safra milho ("safrinha"), já que esta ficaria fora da janela ideal de chuvas.
Além disso, a área plantada com soja suscetível a adversidades climáticas será maior neste ano, já que o plantio concentrado nos últimos dias deixará as lavouras em condições de desenvolvimento semelhantes em boa parte do Estado.
"Se der azar de pegar um veranico no momento da floração, da formação da vagem, vai pegar uma grande quantidade de área", explicou Arantes.
A área plantada com soja no Estado deve crescer de 2 a 3 por cento, para 3,35 milhões de hectares, com as lavouras avançando sobre plantações de milho no verão, ainda segundo a Faeg.