Por Luciano Costa
(Reuters) - O governo aprovou a contratação de um sistema de armazenamento de energia e de novas usinas de geração para evitar apagões em Roraima, Estado brasileiro que tem parte da demanda atendida com eletricidade importada da Venezuela, segundo ata de uma reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que reúne autoridades federais e órgãos técnicos do segmento.
Os sistemas de baterias a serem contratados somarão 70 megawatts, com capacidade de energia de 35 megawatts-hora, de acordo com o documento do CMSE, divulgado nesta quarta-feira.
Na reunião do colegiado, realizada em dezembro, ficou definido que uma portaria com diretrizes para a contratação dos sistemas de armazenamento e das novas usinas deverá ser divulgada em fevereiro, com a realização do leilão prevista para junho de 2018.
A Reuters publicou no final de novembro que o governo brasileiro considerava medidas como a contratação de baterias e usinas para evitar um agravamento da situação energética de Roraima, onde blecautes têm se tornado mais frequentes conforme piora a crise econômica da vizinha Venezuela.
Durante a reunião do CMSE, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontou ainda que tem estudado "mecanismos de redução da demanda e do consumo da região por meio de eficiência energética".
Entre as medidas em estudo no regulador está a realização de um leilão para contratar projetos de eficiência energética, também previsto para o primeiro semestre de 2018.
Segundo as aprovações do CMSE, os sistemas de armazenamento terão como objetivo evitar desligamentos totais da carga em Roraima no caso de problemas no recebimento de energia da Venezuela, enquanto as novas usinas serão contratadas para substituir atuais contratos de geração emergencial no Estado.
SEM AVANÇOS
O governo brasileiro atribui a situação energética delicada em Roraima à falta de investimentos em manutenção pelos venezuelanos em uma linha de transmissão que liga o sistema elétrico dos dois países.
O suprimento a Roraima ganharia um reforço se fosse construída uma linha de transmissão licitada pelo governo brasileiro ainda em 2011, que conectaria o Estado ao sistema elétrico nacional, mas o empreendimento até hoje não obteve licença ambiental por ter um traçado que passaria por reserva indígena.
A viabilização do projeto sofreu ainda um novo revés recente. Na reunião do CMSE em dezembro, representantes do Ministério de Minas e Energia disseram que uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região anulou a licença prévia do linhão. O tribunal também determinou que o povo indígena Waimiri Atroari seja ouvido antes do avanço do empreendimento, segundo a ata do encontro.