Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - O governo de São Paulo retomará as obras para aprofundar o canal de navegação de Nova Avanhandava, no trecho da hidrovia Tietê-Paraná no noroeste do Estado, o que deve beneficiar o transporte da produção agrícola até o Porto de Santos e também o armazenamento dos reservatórios de usinas hidrelétricas da região.
O contrato para o reinício dos trabalhos, que estavam paralisados desde 2019, foi assinado na última sexta-feira. O aprofundamento do canal em 3,5 metros, com largura de 60 metros, ao longo de 16 quilômetros de extensão, será feito por processo de derrocamento do pedral --fragmentação da rocha por explosão.
O projeto deve demandar investimentos de cerca de 300 milhões de reais nos próximos três anos. Serão utilizados recursos obtidos a partir da exploração de potenciais hidrelétricos, por meio da Conta do Programa de Revitalização dos recursos hídricos na área de influência dos reservatórios das usinas de Furnas, sob a lei nº 14.182/2021.
Com 30 terminais intermodais para carga e descarga, a hidrovia Tietê-Paraná é uma importante via de escoamento logístico da produção agrícola, conectando os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás e São Paulo.
No entanto, a navegação na hidrovia é por vezes prejudicada pelo baixo nível das águas. Entre 2014 e 2015 e 2020 e 2021, a navegação foi interrompida por 20 meses e sete meses, respectivamente.
"Com essa obra, vamos garantir a perenidade da operação da hidrovia, que vai ser muito mais resiliente a essa situação de estiagem. Imagina que vamos operar comboios com quatro barcaças, e elas vão substituir nada menos que 172 carretas", disse o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em nota.
No ano passado, foram transportados pelo trecho paulista, que possui 800 quilômetros, 1,4 milhão de toneladas de cargas, principalmente soja in natura, farelo de soja, milho, cana-de-açúcar e areia.
A obra também permitirá melhor preservação do armazenamento de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas das bacias dos Rios Grande e Parnaíba, incluindo Furnas e Itumbiara, disse o Ministério de Minas e Energia.
Além disso, o plano também trará maior flexibilidade na operação das hidrelétricas de Três Irmãos e Ilha Solteira, eliminando eventuais conflitos entre navegação e geração de energia, acrescentou a pasta.
"O derrocamento da hidrovia Tietê-Paraná é estratégico para setores de energia, agrícola e de transportes", afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.