Por Leonardo Goy
BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal espera liberar em cerca de dois dias o trânsito de caminhões de soja nos trechos não pavimentados da BR-163 no Pará, no sentido dos portos da região Norte, mas vai controlar o fluxo dos veículos para que os trabalhos emergenciais para garantir a tráfego na pista não sejam comprometidos, informou nesta quinta-feira o ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella.
Após reunião em Brasília com representantes de outros órgãos de governo e exportadores de soja, Quintella disse que a pista no sentido sul já está liberada e que a fila de cerca de 1,2 mil caminhões do sentido norte começaria a ser liberada no fim da tarde desta quinta-feira.
O governo, porém, vai controlar o fluxo de caminhões para que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) consiga executar obras emergenciais, como a aplicação de camadas de brita nos locais onde há atoleiros.
A ideia é abrir o tráfego por algumas horas e depois segurar por mais algumas horas para que os serviços não sejam comprometidos, evitando que os caminhões voltem a atolar. Com os problemas na rota para o norte, muitas companhias estão amargando prejuízos e redirecionando seus embarques para os portos ao sul do país.
Congestionamentos de milhares de veículos impedidos de trafegar pelos atoleiros na BR-163, devido às intensas chuvas, afetaram o escoamento de soja de Mato Grosso, principal Estado produtor do país, na fase inicial da colheita.
Além das obras emergenciais, o governo segue com os trabalhos para asfaltar o trecho de terra. "Esperamos pavimentar 60 quilômetros este ano e mais 40 em 2018", disse Quintella.
PREJUÍZOS
O setor exportador de soja do Brasil teve prejuízo de 350 milhões de reais devido aos atoleiros e congestionamentos na BR-163, estimou o presidente da associação de exportadores e indústrias (Abiove), Carlo Lovatelli, nesta quinta-feira, após as autoridades falarem com jornalistas.
Com os congestionamentos formados pelos caminhões transportando soja, o setor exportador teve que renegociar contratos, desviar cargas para portos do Sul/Sudeste e pagar multas por atrasos nos navios que aguardam o produto nos portos do Norte.
"Uma estrada de 100 quilômetros custa 200 milhões de reais para fazer. Isso se paga em menos de uma safra e o prejuízo é de 350 milhões de reais... Nós já desativamos 11 contratos. Isso implica em multas, desvios de rotas, tem de pagar o custo adicional, há o prejuízo de imagem", afirmou Lovatelli, em entrevista a jornalistas em Brasília.
"Isso é dólar jogado pela janela", completou Lovatelli.
O ministro da Agriculturta, Blairo Maggi, disse que somente as multas relativas aos 11 navios contratados que chegaram a esperar pela soja, mas que ficaram sem a carga, custaram cerca de 6 milhões de dólares às tradings.
"As empresas provavelmente terão de comprar contratos de soja para cobrir o que não foi entregue. O dinheiro que estava na mesa de uma grande colheita está indo pelo ralo", disse Blairo, ele próprio empresário do agronegócio, com investimentos em terminais para escoar a soja e o milho pela nova rota do Norte.
(Por Leonardo Goy)