SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério da Agricultura solicitou à empresa de pesquisa agropecuária Embrapa uma nova mudança metodológica no Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para o milho de segunda safra, que deverá ser apresentada ao Banco Central e às seguradoras no primeiro semestre deste ano, como proposta para a safrinha de 2022, informou a pasta em nota.
A alteração consiste na inclusão de mais um nível de risco nos estudos, o de 50%, além dos atuais patamares de risco, que vão de 20% a 40%.
A mudança deverá proporcionar um aumento nas janelas de plantio que, segundo o governo, pode fomentar a geração de novos produtos de seguro rural e Proagro.
"Essa proposta do Mapa (Ministério da Agricultura) se insere no esforço do governo para estimular o plantio do milho, tendo em vista a situação de oferta e demanda bastante ajustada prevista para o produto na próxima safra", disse o Departamento de Gestão de Riscos da Secretaria de Política Agrícola da pasta, em nota.
A medida do governo veio em resposta às solicitações da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e de outras entidades por uma extensão da janela de plantio do milho segunda safra, após problemas climáticos que atrasaram a colheita da soja 2020/21 e, como consequência, afetaram a semeadura do cereal da safrinha.
O pleito do setor era de que a extensão do Zarc fosse válida já para o plantio desta temporada, mas o Ministério da Agricultura negou, abrindo o precedente de análise para implantação no ano que vem.
Em nota de esclarecimento divulgada nesta sexta-feira, a pasta destacou que o zoneamento agrícola não proíbe o plantio fora do período estabelecido-- ele é apenas um critério adotado para acesso aos programas Proagro e Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR).
"Ademais, alterações dos prazos de Zarc sem estudos técnicos que as fundamentem trazem riscos altíssimos para o Proagro".
Também em nota publicada nesta sexta, a CNA disse que vai acompanhar e auxiliar nas melhorias necessárias do Zarc junto ao ministério, Banco Central e demais associações.
"Precisamos aperfeiçoar o mecanismo de seguro agrícola para que os produtores rurais tenham opções que minimizem os impactos em anos atípicos como esse ano que atrasou a colheita da soja e o plantio do milho", afirmou no comunicado o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da entidade, Ricardo Arioli.
(Por Nayara Figueiredo)