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Governo obtém R$8 bi com leilão de áreas de petróleo dominado por Petrobras e Exxon

Publicado 29.03.2018, 17:27
© Reuters. Representantes de empresas durante leilão de áreas de petróleo e gás, no Rio de Janeiro
XOM
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PETR4
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Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier e Alexandra Alper

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Brasil realizou nesta quinta-feira o maior leilão de sua história sob regime de concessão, ao negociar 22 blocos marítimos com uma participação agressiva de consórcios integrados por Petrobras (SA:PETR4) e Exxon Mobil (NYSE:XOM), que responderam por grande parte dos 8 bilhões de reais arrecadados, superando em muito expectativas do próprio governo.

O leilão, que ofertou ao todo 47 áreas no mar, também marcou o retorno da norte-americana Chevron na busca de um novo cardápio exploratório, já que a empresa não obtinha novas concessões em leilões no país desde 2013.

Outras petroleiras gigantes que já atuantes no Brasil confirmaram interesse em continuar crescendo no país, como Shell, Statoil, BP, com lances competitivos e em declarações de executivos ao fim do leilão.

Os lances mais valiosos do certame de áreas marítimas foram concentrados na Bacia de Campos, tradicionalmente a mais importante do Brasil, mas que tem enfrentado declínio nos últimos anos devido a grande quantidade de áreas já no fim de suas vidas. A bacia respondeu sozinha por 7,5 bilhões em bônus de assinatura.

O governo leiloou também blocos nas bacias Potiguar, Santos, Ceará e Sergipe-Alagoas.

"A principal notícia do contexto global do leilão é o ressurgimento da Bacia de Campos, que sofreu uma interrupção na oferta de áreas por conta do polígono do pré-sal", disse o diretor-geral da ANP, Décio Oddone.

Com o sucesso da licitação, que teve um ágio de 621,91 por cento, o governo federal revisou para mais de 12 bilhões de reais sua expectativa para arrecadação de bônus com os leilões de petróleo deste ano, recursos esses que devem ajudar a União a ter um déficit menor em suas contas.

Antes do leilão desta quinta-feira, a expectativa do governo era arrecadar um total de 6,9 bilhões de reais em bônus de assinatura neste ano, incluindo as rodadas de blocos marítimos e terrestres sob regime de concessão desta quinta-feira e a rodada do pré-sal sob regime de partilha, em junho.

"Foi um sucesso retumbante e esse já é o maior leilão da história de leilões (de concessões) no Brasil", disse o secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis, do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, ao comentar a nova previsão de arrecadação após o evento.

DESTAQUE

No maior lance da 15ª Rodada de Licitações desta quinta-feira, um consórcio formado pela norte-americana Exxon, a Petrobras e a QPI , do Catar, arrematou o bloco C-M-789, na Bacia de Campos, pagando bônus de aproximadamente 2,8 bilhões de reais, no maior lance já registrado em um leilão de concessão no Brasil. O grupo tem a Exxon como operadora, segundo a ANP.

Já um outro consórcio, com a Petrobras como operadora, a norueguesa Statoil e a Exxon Mobil, arrematou o bloco C-M-657, também em Campos, com um bônus de 2,128 bilhões de reais.

A Petrobras também arrematou como operadora, junto com Statoil e Exxon, o bloco C-M-709, em Campos, por 1,5 bilhão de reais.

A estatal brasileira ainda integrou um consórcio, operado pela Exxon e com presença também da QPI, que levou o bloco C-M-753, por 330 milhões de reais.

Em entrevista, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que os lances no leilão levaram em conta o interesse da empresa e não apenas questões como caixa e endividamento.

Mas ele ressaltou que as ofertas realizadas não afetam métricas financeiras da empresa. "O caixa da Petrobras vai muito bem", comentou a jornalistas.

No total, a Petrobras arrematou sete blocos, sendo quatro na Bacia de Campos e três na Bacia de Potiguar.

O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), que representa as petroleiras no Brasil, Jorge Camargo, afirmou que o resultado da rodada consolida o Brasil em uma posição de grande destaque no cenário global, graças às melhorias regulatórias realizadas pelo governo.

VENCEDORAS

Mas a grande estrela da rodada em número de áreas arrematadas foi a Exxon, que levou um total de oito blocos, sendo quatro em Campos, dois em Santos e dois em Sergipe-Alagoas.

A presidente da Exxon do Brasil, Carla Lacerda, disse que a atuação demonstra a confiança em investimentos no país --a empresa já havia voltado com força nos leilões do Brasil do ano passado, também tendo a Petrobras como parceira.

"Estamos agora mais confiantes no investimento no Brasil, sem dúvida... Temos várias oportunidades pela frente, estamos analisando cada rodada... queremos ter um portfólio aqui robusto", disse Lacerda.

Com isso, a Exxon tem atualmente a participação em 24 blocos marítimos no país.

O leilão também marcou o retorno ao Brasil da petroleira alemã Wintershall, que havia feito atividades exploratórias no país entre 2001 e 2005. A empresa levou sete blocos.

"Queremos construir e manter o portfólio bem balanceado e, por isso, estaremos em distintas áreas e objetivos", disse o presidente da Wintershall no Brasil, Gerhard Haase.

A Shell, segunda maior produtora de petróleo do Brasil e grande parceira da Petrobras em áreas do pré-sal, também reforçou seu interesse em expandir negócios no Brasil.

"Nós levamos quatro (blocos), para nós foi positivo e a gente tem mais coisa para trabalhar em um portfólio que já está bem grande, e o time no escritório está bastante feliz porque tem mais atividade para a gente trabalhar", diz presidente da Shell no Brasil, André Araújo.

FRACASSO TERRESTRE

Já o leilão de blocos exploratórios terrestres de petróleo e gás natural, também realizado nesta quinta-feira, não recebeu lances para as 21 áreas ofertadas nas bacias de Paraná e Parnaíba, de acordo com a reguladora ANP.

Décio Oddone afirmou ao fim do leilão terrestre que esperava algum interesse pelas áreas que foram ofertadas, especialmente para a Bacia do Paraná, mas que acredita que as áreas em terra em desinvestimento pela Petrobras ofuscaram o certame.

© Reuters. Representantes de empresas durante leilão de áreas de petróleo e gás, no Rio de Janeiro

"As empresas em terra têm orçamento limitado e houve uma disputa por orçamento entre a aquisição de ativos já em produção (que são da Petrobras) e o aumento da carteira exploratória", disse Oddone.

(Por Marta Nogueira, Rodrigo Viga Gaier e Alexandra Alper)

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