BUENOS AIRES (Reuters) - Os embarques de grãos e derivados da Argentina deverão ser afetados por uma greve de sete horas a ser realizada na terça-feira por trabalhadores aduaneiros, que reivindicam prioridade na vacinação contra a Covid-19, disse a Câmara de Atividades Portuárias e Marítimas (CAPyM, na sigla em espanhol) nesta segunda-feira.
O Sindicato Único dos Trabalhadores Aduaneiros da Argentina (Supara) anunciou a medida, somando-se à demanda de outros sindicatos, que pedem a vacinação em meio à segunda onda de coronavírus que assola o país, maior exportador global de óleo e farelo de soja.
"Os fiscais de aduana precisam estar presentes para as operações de importação e exportação", explicou à Reuters o gerente da CAPyM, Guillermo Wade. "Parece que isso vai afetar todas as exportações em todos os portos da Argentina", acrescentou.
O Supara disse na sexta-feira que havia apresentado sua demanda ao governo, mas que realizaria o protesto porque não houve avanços significativos no diálogo. "Se não houver soluções concretas para o problema levantado, medidas e ações continuarão sendo intensificadas", acrescentou.
A Reuters tentou contato com o Supara, mas não havia ninguém disponível de imediato para comentários.
O Sindicato de Trabalhadores e Empregados da Indústria de Oleaginosas (SOEA), uma poderosa entidade que reúne trabalhadores do polo agroindustrial localizado a norte da cidade de Rosario, também alertou na semana passada que, caso seus membros não recebam prioridade no plano de vacinação, haverá uma greve.
"Solicitamos de forma URGENTE o acesso à vacinação, caso contrário afirmamos que, se até 9 de junho de 2021 nossos companheiros não começarem a ser vacinados, a única alternativa que nos restará para sermos ouvidos será uma medida direta de ação sindical", disse o SOEA.
O país sul-americano, de cerca de 45 milhões de habitantes, já superou as 80 mil mortes por Covid-19, tendo registrado um total de 3,96 milhões de casos. A chegada de vacinas se intensificou nas últimas semanas, e o governo argentino distribuiu até o momento um total de 17,9 milhões de doses.
(Reportagem de Hugh Bronstein e Maximilian Heath)