BRASÍLIA (Reuters) - A avaliação positiva do governo da presidente Dilma Rousseff despencou em relação a setembro, segundo pesquisa CNT/MDA divulgada nesta segunda-feira, que apontou ainda que 59,7 por cento dos entrevistados são favoráveis a um impeachment da presidente, em meio a protestos contra o governo e a um cenário econômico difícil e de tensão política com aliados.
O percentual dos que avaliam o governo da petista como ótimo ou bom despencou para 10,8 por cento, contra 41 por cento na pesquisa anterior, divulgada no final de setembro.
A soma dos que consideram o governo ruim ou péssimo foi de 64,8 por cento, ante 23,5 por cento na sondagem anterior, e 23,6 por cento consideram o governo regular, ante 35 por cento na pesquisa anterior.
O governo e a presidente têm enfrentado dificuldades nos campos político e econômico.
Um difícil quadro de crescimento fraco e inflação alta serve de pano de fundo para grandes protestos que tomaram as ruas de grandes cidades do país no último dia 15, numa clara demonstração de insatisfação com o governo.
Ao mesmo tempo, as medidas de ajuste fiscal tomadas pelo Executivo na tentativa de sanear as contas públicas e garantir condições para um crescimento econômico encontraram resistências no Congresso, em setores organizados da sociedade e entre eleitores.
De acordo com o levantamento do instituto MDA, encomendado para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o índice de aprovação do governo é o menor desde 1999, quando o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso foi avaliado positivamente por 8 por cento dos entrevistados.
Ainda segundo a pesquisa, apenas 18,9 por cento aprovam o desempenho pessoal de Dilma, contra 55,6 por cento na pesquisa anterior, ao passo que 77,7 por cento desaprovam, ante 40,1 por cento em setembro. A avaliação do desempenho pessoal de Dilma foi a menor dentre as pesquisas realizadas pela CNT, segundo resultado divulgado no site da confederação.
PESSIMISMO
O levantamento aponta um forte pessimismo dos entrevistados, com 59,7 por cento posicionando-se a favor do impeachment e 66,9 por cento afirmando que as medidas tomadas pelo governo não serão capazes de reverter os problemas políticos e econômicos.
Dentre os que acompanham o noticiário sobre as denúncias de irregularidades na Petrobras, 68,9 por cento consideram a presidente culpada pela corrupção que está sendo investigada e 67,9 por cento culpam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva -- 85 por cento dos entrevistados têm acompanhado ou ouviram falar das denúncias.
Ao lançar um pacote de medidas de prevenção e combate à corrupção, na semana passada, a presidente Dilma afirmou que até mesmo os eleitores que não votaram nela sabiam que "a corrupção no Brasil não foi inventada recentemente". Dilma disse ainda que seu compromisso contra os mal-feitos é "coerente" com sua vida pessoal.
No campo econômico, 92,8 por cento responderam estar preocupados com a situação do país e 63,9 por cento consideram a infação alta.
Para a pesquisa, foram entrevistadas 2.002 pessoas entre os dias 16 e 19 de março. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
(Por Maria Carolina Marcello, com reportagem adicional de Eduardo Simões)