Incêndio destrói armazém de açúcar da Cosan no porto de Santos

Publicado 04.08.2014, 16:18
Incêndio destrói armazém de açúcar da Cosan no porto de Santos

Por Reese Ewing

SANTOS (Reuters) - Bombeiros contiveram um incêndio em um armazém do complexo de terminais da Cosan, maior produtora de açúcar do Brasil, no porto de Santos nesta segunda-feira, reduzindo a capacidade de estocagem do produto no país.

A Cosan disse em um comunicado que apenas um armazém, controlado por sua divisão de logística Rumo, foi danificado.

O Armazém 10, onde houve o incêndio, tinha 15 mil toneladas de açúcar armazenadas, equivalente a um terço da carga de um navio, e tinha 18 mil toneladas de capacidade instalada conectada ao terminal 19.

A assessoria de imprensa da Cosan disse que as operações no terminal foram mantidas e que a Rumo deveria carregar um navio ainda na tarde desta segunda-feira.

O açúcar negociado na bolsa de Nova York chegou a registrar alta de 5,6 por cento no início da manhã, em uma reação às primeiras informações sobre o incêndio, mas fecharam a sessão com queda de 0,2 por cento, a 16,32 centavos de dólar por libra-peso. Operadores citaram os pequenos danos e a falta de urgência na demanda por açúcar do Brasil.

A Rumo tem dois terminais em Santos, o 16 e o 19, e um total de cinco equipamentos para carregar navios, chamados shiploaders. O terminal 16 não foi afetado pelo fogo e permaneceu operacional, disse a Cosan.

O Armazém 5, um dos 11 armazéns da Cosan em Santos, aparentava ter pequenos danos, segundo uma testemunha da Reuters, enquanto uma esteira transportadora de açúcar do Armazém 10 aparentava estar inutilizada.

Os danos na Cosan foram significativamente menores que os do incêndio de outubro do ano passado na Copersucar, também em Santos. Aquele incêndio fez os preços do açúcar dispararem no mercado internacional e levou a empresa a declarar força maior em alguns contratos de fornecimento.

O terminal da Copersucar, que ainda recebe reparos pelo incêndio de outubro, fica próximo aos armazéns da Rumo.

Até junho, a Copersucar já havia restaurado cerca de metade de sua capacidade anual de 10 milhões de toneladas de exportação via Santos, tendo conseguido realocar parte dos carregamentos para outros terminais, incluindo o da Rumo.

A Copersucar estima voltar à capacidade normal em seu terminal depois de fevereiro de 2015.

Os armazéns da Rumo têm capacidade estática de 550 mil toneladas e capacidade de exportação de 12 milhões de toneladas por ano. A Cosan provavelmente poderá redirecionar para outros portos o açúcar que seria colocado no Armazém 10 e assim evitar a declaração de força maior, disse o agente marítimo Tiago Cardoso, da agência Williams.

"No porto de Paranaguá, nos portos do Nordeste, dá para escoar esta quantidade, acho que esse açúcar vai ser redistribuído", disse ele à Reuters.

A analista da SA Commodities Nicolle Castro, que monitora o movimento de navios de açúcar nos portos brasileiros, acredita que os danos causados não devem comprometer o embarque de açúcar em Santos.

"O que temos de informação inicial é muito pouco, mas parece que o prejuízo para a operação de açúcar não deve ser muito grande", disse.

"Não há congestionamento no porto. Qualquer atraso na Rumo não deve causar filas", estimou ela.

Quando grandes estoques de açúcar pegam fogo, pode ser difícil debelar as chamas rapidamente. À medida que queima, o produto cria uma camada externa rígida que dificulta a penetração da água e de outros químicos usados no combate ao incêndio.

A Codesp, autoridade portuária de Santos, disse que irá rever junto com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) os procedimentos de segurança nas operações portuárias, exigindo maior rigor nesse aspecto por parte dos terminais portuários, depois de dois incêndios em menos de um ano.

A causa do fogo que começou na tarde de domingo não foi identificada.

O Brasil, maior produtor e exportador mundial de açúcar, está no meio da safra de cana do Centro-Sul, que deve produzir entre 32 milhões e 34 milhões de toneladas de açúcar, levemente abaixo das estimativas iniciais, devido ao impacto de uma seca no início do ano.

(Reportagem adicional de Caroline Stauffer e Gustavo Bonato, em São Paulo)

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