SÃO PAULO (Reuters) -Os distribuidores de aços planos estão trabalhando com estoques ajustados, enquanto clientes estão adiando negócios à espera do desfecho do segundo turno da eleição e das primeiras medidas do vencedor do pleito, afirmou nesta terça-feira o presidente da entidade que representa o setor, Inda, Carlos Loureiro.
"Vários clientes estão procrastinando decisões de compras e comprando um mínimo possível", disse o executivo a jornalistas, durante apresentação sobre números do setor em setembro.
A situação fez a entidade prever um volume estável de negócios em outubro, normalmente um mês movimentado para os distribuidores de aço plano, em relação a setembro.
No mês passado, as vendas dos distribuidores de aços planos no Brasil caíram 3,4% ante agosto, para 323,5 mil toneladas. Na comparação anual, houve alta de 11%. As compras caíram 5,2% em setembro na comparação mensal e subiram 20,3% na anual, para 332,6 mil toneladas
Com isso, os estoques dos distribuidores terminaram setembro em 831,3 mil toneladas, alta de 1,1% frente a agosto. O volume é suficiente para 2,6 meses de vendas.
Loureiro comentou que apesar de ambos os candidatos à Presidência serem conhecidos dos empresários em relação a política econômica, "o pessoal considera melhora ficar com as barbas de molho" e "testar a temperatura com a ponta do pé antes de entrar na água".
"É lógico que o que está gerando essa instabilidade no mercado" é o cenário eleitoral, disse ele.
O presidente do Inda citou como exemplo o movimento acionário da véspera, em que o Ibovespa teve a maior queda diária em 11 meses na sequência dos ataques do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), apoiador de Jair Bolsonaro (PL), a membros da Polícia Federal no domingo.
"As ações caíram por causa do Jefferson...eventualmente faz com que candidatura do Bolsonaro sofra um pouco", disse Loureiro. Ao mesmo tempo, ele disse que caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença, não acredita em grandes movimentos de política econômica. "Mas ele ainda não disse quem vai ser o ministro da Economia e há alguma nebulosidade sobre como será sua política."
A indefinição tende a manter os preços do aço no mercado interno estáveis, com viés de queda, previu ele. Ele acrescentou que em relação ao pico de julho os preços dos aços planos no Brasil estão atualmente cerca de 35% menores. "Dificilmente teremos algum aumento de preços" das usinas, afirmou.
A Copa do Mundo em dezembro, mês tradicionalmente fraco para vendas de aço no país, é outra variável que não colabora para os negócios do setor. A expectativa de Loureiro é de que os distribuidores não vão elevar estoques até lá. "Estão todos (distribuidores) preocupados porque (a Copa) pode tornar o mês um pouco pior do que já é."
As importações de aço plano são um sinal destas incertezas. Em setembro, as compras de material importado pelos distribuidores caíram 26,4% ante agosto e recuaram 35% sobre um ano antes, para 108,7 mil toneladas, segundo os dados do Inda.
E com a hesitação na demanda interna, Loureiro estimou que as usinas siderúrgicas devem exportar mais no quarto trimestre em relação ao terceiro, mas não fez estimativas.
(Por Alberto Alerigi Jr.; edição Aluísio Alves)