São Paulo, 13 - O índice de alteração de escalas e atrasos de navios com café no Porto de Santos (SP) ficou em 80% em abril, considerando 95 porta-contêineres que embarcam café pelo principal terminal exportador brasileiro, mesmo índice do mês anterior. Nos demais portos do País, atrasos variaram de 16% a 70% no mês passado, mostram dados do mais recente Boletim Detention Zero (DTZ), desenvolvido em parceria pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e a startup de tecnologia no segmento logístico ElloX Digital. O maior prazo apurado foi de 30 dias entre a abertura do primeiro até o último deadline.
Conforme comunicado do Cecafé, nos demais portos brasileiros que remetem café ao exterior, o cenário também é preocupante. De acordo com o Boletim DTZ, o índice de atrasos de navios para exportação do produto no complexo portuário do Rio de Janeiro (RJ), responsável por 27% dos embarques no acumulado de 2024, foi de 70%; em Paranaguá (PR), de 42%; em Salvador (BA), de 29%; e em Vitória (ES), de 16%. No compilado geral, 210 navios para exportação de café, ou 54% de um total de 391 porta-contêineres, tiveram atrasos em abril.
O diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, disse na nota que "desse número de embarcações com escalas alteradas, 95 foram somente em Santos, que responde por 70% das exportações de café no acumulado deste ano. Ou seja, os exportadores brasileiros continuam enfrentando intensos desafios logísticos, com o alto índice de atrasos de navios e a falta de espaços no porto santista, que incorrem em ineficiências, destacando-se como os principais entraves na adição de elevado custos, não planejados, aos atores do segmento".
Outro dado crítico apontado pelo Boletim DTZ é a continuidade do curto período de abertura de gates no Porto de Santos, que é o tempo que o exportador dispõe para entregar seus carregamentos, originados no interior do País, em cumprimento ao deadline de carga estabelecido pelos terminais nos portos.
No mês passado, apenas 11% dos procedimentos de embarque tiveram prazo superior a quatro dias de gate aberto por navios no Porto de Santos, o menor índice registrado desde o início do levantamento, em janeiro de 2023. Outros 63% tinham entre três e quatro dias e 26% tiveram menos de dois dias.
"Além disso, no mês passado, 42 navios não tiveram sequer uma abertura de gate no terminal santista, o que é extremamente preocupante, uma vez que isso gera, automaticamente, custos adicionais elevados e inesperados de pré-stacking aos exportadores, que já vivem um cenário oneroso, com os gargalos logísticos, para honrar seus compromissos junto aos importadores dos cafés do Brasil", comentou Heron.