(Reuters) - A Usina de Itaipu buscará fortalecer o papel estratégico no desenvolvimento, subsidiando políticas do governo federal em parceria com os governos estaduais e municipais do Paraná, disse nesta quinta-feira o novo diretor-geral brasileiro da hidrelétrica Itaipu Binacional, Enio Verri.
"Desde que fui convidado para este cargo, tenho sido questionado sobre a viabilidade de ampliar a atuação de Itaipu", disse Verri, durante cerimônia de sua posse.
"Tenho dito que o esforço para erguer esta obra e pagar a imensa dívida de sua construção foi assumido por todos os consumidores, portanto, me parece justo que seus benefícios também serão estendidos, seja garantindo energia elétrica e modicidade da tarifa, seja por meio de investimentos em projetos de infraestrutura e programas que beneficiem prioritariamente o Estado do Pará."
Em dezembro, a reguladora Aneel aprovou o valor da tarifa de repasse da potência contratada da usina de Itaipu para 2023 de 16,19 dólares mensais por quilowatt (kW), uma redução de 34,53% em relação à tarifa vigente em 2022, de 24,73 dólares por quilowatt.
A tarifa de repasse é o valor a ser pago pelas distribuidoras cotistas para aquisição da energia da hidrelétrica, que é comercializada pela estatal ENBPar.
A variação refletiu principalmente a redução do serviço da dívida contraída para construção da usina. A dívida foi totalmente amortizada no início do ano, produzindo um alívio da tarifa associada à energia produzida pela usina.
"A Itaipu vai continuar tendo um olhar prioritário para o território no qual está inserida e para as comunidades do seu entorno. Vamos reconstruir a rede de parcerias e estreitar as relações com universidades no setor produtivo", afirmou.
Verri disse ainda que a usina irá dialogar com as comunidades, municipalidades, cooperativas e organizações sociais, assim como apostar na vocação do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), o que ele classificou como celeiro de boas práticas e inovações para apoiar o desenvolvimento local e regional.
Em seu discurso, o novo diretor-geral brasileiro ressaltou ainda que se compromete com a política do governo do presidente Lula "para resgatar a dignidade e os direitos inalienáveis dos povos originários para garantir todos os direitos das comunidades indígenas da área de influência da usina".
Presente na cerimônia de posse, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou em seu discurso que o governo celebrou em fevereiro o pagamento da última parcela do investimento de ambos os países --Brasil e Paraguai-- para a construção da usina, o que foi considerado "um marco".
"Nessa ótica que vamos reforçar o papel de Itaipu, garantindo uma visão socioambiental e de previsibilidade, que traga desenvolvimento, emprego e renda", disse Silveira.
O ministro frisou que a geração de energia limpa será sempre uma prioridade, sem perder de vista a segurança energética e a modicidade tarifária.
(Por Marta Nogueira, no Rio de Janeiro)