Por Chine Labbé
PARIS (Reuters) - O procurador-geral da França disse nesta segunda-feira que o presidenciável Nicholas Sarkozy deveria ir a julgamento por irregularidades de financiamento em sua campanha de reeleição fracassada de 2012, o que poderia prejudicar sua nova tentativa de se eleger.
Sarkozy é acusado de "subestimar conscientemente" elementos de seu financiamento de campanha, de acordo com uma fonte judicial.
Político de centro-direita derrotado pelo hoje profundamente impopular socialista François Hollande há quatro anos, Sarkozy declarou duas semanas atrás que irá concorrer à Presidência francesa novamente na eleição de abril.
A procuradoria-geral recomendou que ele seja julgado com outras 13 pessoas no chamado Caso Bygmalion, que envolve gastos acima do teto e um suposto financiamento ilegal, disse a fonte.
Sarkozy não respondeu de imediato, mas seu advogado, Thierry Herzog, emitiu um comunicado acusando o Procurador-Geral, que presta contas ao Ministério da Justiça, de uma "manobra política ordinária".
O anúncio é delicado para Sarkozy por vir no momento em que ele se prepara para disputar a candidatura se lançando contra vários rivais conservadores de seu partido Os Republicanos e seus aliados de centro-direita.
Até a primária partidária ocorrer, no final de novembro, o magistrado independente que submeteu Sarkozy a uma investigação formal em fevereiro passado deve ter anunciado se irá pedir um julgamento.
Tais magistrados têm a última palavra na França no tocante a enviar um caso aos tribunais ou não. Na maioria das vezes suas decisões acompanham a recomendação do Procurador-Geral.
O advogado de Sarkozy acusou a procuradoria de pressa excessiva por razões políticas, sem entrar em detalhes.
"A procuradoria de Paris nem utilizou o tempo necessário para examinar elementos por escrito submetidos pelos conselheiros legais de Nicolas Sarkozy a favor da absolvição", afirmou ele em um comunicado.
"Esta é mais uma manobra política ordinária."
O advogado observou que Sarkozy já pagou pessoalmente uma penalidade financeira de 363.615 euros por violar tetos de gasto de campanha em 2012. As irregularidades de financiamento implicam uma penalidade de até um ano de prisão e uma multa de 3.750 euros.