(Reuters) - O Kremlin reafirmou sua posição nesta terça-feira de que o acordo de grãos do Mar Negro não está funcionando para Moscou, um dia depois que o chefe das Nações Unidas entregou à Rússia uma carta com propostas para melhorá-lo e expandi-lo.
"Apesar do fato de que tanto tempo se passou, (o acordo) ainda não foi implementado, não se juntou como um pacote, as condições que nos preocupam ainda não foram realizadas", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres.
"Portanto, enquanto as circunstâncias não favorecem este acordo, continuamos a observar", disse ele.
O acordo foi intermediado pela Turquia e pelas Nações Unidas em julho passado para permitir que Kiev retomasse as exportações de grãos de seus portos no Mar Negro, que haviam sido interrompidas depois que a Rússia invadiu a Ucrânia cinco meses antes.
A Rússia sinalizou que não permitirá que o acordo seja estendido para além de 18 de maio, a menos que os obstáculos às suas próprias exportações de alimentos e fertilizantes sejam removidos.
Na segunda-feira, um porta-voz da ONU disse que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, propôs ao presidente russo, Vladimir Putin, um "caminho a seguir visando a melhoria, extensão e expansão" do acordo.
A proposta foi delineada em uma carta que Guterres pediu ao ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, para entregar a Putin.
O acordo de grãos visava aliviar uma crise global de alimentos, já que tanto a Ucrânia quanto a Rússia são grandes exportadores de grãos. Peskov, no entanto, minimizou até que ponto a escassez de grãos de ambos os países contribuiu para a crise.
“Todos nós sabemos que a gênese da crise global de alimentos tem outras raízes. E não é uma consequência direta da perda de grãos ucranianos do mercado”, afirmou.
"Claro, a perda de grãos ucranianos e russos do mercado pode ser um dos fatores, mas não decisivo."
(Reportagem da Reuters, texto de Mark Trevelyan)