Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de algodão em pluma do Brasil devem aumentar mais de 50 por cento nos próximos três anos, para acima de 2 milhões de toneladas, em meio a uma safra também crescente, projetou nesta terça-feira a Maersk Line, ponderando sobre a possibilidade de uma nova dinâmica nos embarques por falta de contêineres.
Em relatório, a companhia marítima disse que os envios de algodão do Brasil devem oscilar de 1,4 milhão a 1,5 milhão de toneladas na atual safra 2018/19, subindo para algo entre 2,1 milhões e 2,2 milhões em 2020/21.
No mesmo período, a produção nacional da fibra deve ir a 3 milhões de toneladas, de 2,2 milhões esperados para o ciclo vigente.
Líder em carregamento de algodão, a Maersk fez suas estimativas com base em informações obtidas junto a agentes do mercado.
As projeções da companhia são bem semelhantes às do governo brasileiro. Em seu mais recente boletim, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou uma safra de algodão 2018/19 em 2,2 milhões de toneladas, com exportações de 1,3 milhão de toneladas.
As perspectivas para este ano são recordes e refletem um aumento forte na área plantada. A semeadura se concentra nos Estados de Mato Grosso e Bahia, e a colheita se desenrola em meados do ano, com os embarques se intensificando ao longo do segundo semestre.
Mas conforme Denis Freitas, diretor da Safmarine, subsidiária da Maersk, esse pico de vendas está mais "diluído" pela falta de contêineres no país.
"As exportações tinham pico em setembro, outubro e novembro. Mas agora já estão entrando para o ano seguinte. Já temos expectativa de carregar ao longo de todo o primeiro trimestre (de 2019)", afirmou à Reuters.
O Brasil é um grande exportador de produtos, desde agrícolas até manufaturados, ao passo que importa menos do que vende ao exterior. Com isso, há menos contêineres vindo ao país e mais necessidade desses equipamentos para envios, afirmou Freitas.
É isso que tem afetado --e pode continuar afetando-- as exportações de algodão do Brasil.
"Com essa queda na importação... A gente está vendo os navios vindo para o Brasil com bem menos contêineres. Pode ter uma falta de equipamento para atender a demanda de exportação... Quando encontramos um balanço saudável entre exportação e importação, não temos o custo de trazer contêiner vazio para o Brasil", disse o diretor da Safmarine, que responde pela Costa Leste da América do Sul.
(Por José Roberto Gomes)