RIO DE JANEIRO (Reuters) - A recente alta acentuada do dólar frente ao real começou a apoiar os setores de calçados, produtos têxteis e vestuário, em um movimento que tem apoiado a indústria brasileira, afirmou nesta terça-feira, o diretor de competitividade industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Alexandre Comin.
Segundo ele, o ganho de competitividade produzido pela valorização do dólar poderá ser ainda ampliado, uma vez que o real ainda tem espaço para retroceder ante a moeda norte-americana.
Ele citou métrica do Banco Mundial sobre a paridade de poder de compra das moedas, que leva em conta custos como energia, custo de mão de obra e outros insumos. "Por essa perspectiva, o nosso câmbio ainda está valorizado e ainda não passou de um limite. Ainda pode se desvalorizar um pouco mais", disse Comin a jornalistas durante evento do setor de siderurgia. Ele, porém, não citou qual seria o teto para a desvalorização do real frente ao dólar.
O dólar chegou a buscar nível de 3,30 reais pela primeira vez em quase doze anos nesta terça-feira, na véspera da decisão de política monetária do Federal Reserve, em meio a persistentes preocupações com a situação econômica e política brasileira e com as intervenções do Banco Central no câmbio.
"Não saberia dizer qual é a taxa de câmbio ideal. Eu diria que o movimento que houve nos últimos meses é suficiente para colocar a indústria brasileira em posição de competitividade muito boa em relação aos anos anteriores", Comin.
Porém, Comin afirmou que o baixo ritmo de crescimento da economia global poderá frear o movimento exportador de alguns setores industriais, como o aço.
"Estamos otimistas sobre a balança (comercial brasileira); mas estou pessimista ainda com mercado internacional. A situação da Rússia é muito complicada; a China está desacelerando. UE (União Europeia) não consegue reagir e os vizinhos mais próximos tem problemas variados", acrescentou.
(Por Rodrigo Viga Gaier)