TÓQUIO (Reuters) - Os mercados de GNL podem ficar mais apertados em 2023 do que este ano, já que a demanda pode aumentar na China, Índia e outras partes da Ásia, disse o chefe da Agência Internacional de Energia (IEA) nesta quinta-feira.
"É possível que vejamos os mercados de GNL em 2023 bastante apertados, talvez mais apertados do que este ano", disse Fatih Birol em comentários na Conferência de Produtores-Consumidores de GNL no Japão.
Os preços globais do gás subiram para níveis recordes este ano, já que os cortes no fornecimento de gás da Rússia colocaram uma enorme pressão no mercado europeu e global.
Os altos preços do gás no atacado na Europa fizeram com que o bloco importasse quantidades recordes de cargas de GNL, atraindo volumes da Ásia, principal região importadora.
Birol também acrescentou que a Europa recebeu uma quantidade substancial de GNL este ano, com as importações aumentando "em impressionantes 60%".
"Uma das razões pelas quais a Europa pode atrair tanto GNL é que a China... (viu) um crescimento econômico lento este ano", disse ele.
"Se a economia chinesa se recuperar... será difícil para a Europa atrair tanto GNL", acrescentou.
As importações de GNL pela China estão a caminho de registrar seu primeiro grande declínio este ano, já que os preços altos e a fraqueza do setor manufatureiro devido aos lockdowns da Covid-19 reduziram a demanda pelo combustível.
O país se tornou o maior comprador de GNL do mundo no ano passado, mas devolveu o primeiro lugar ao Japão nos primeiros quatro meses de 2022.
Se o Japão reiniciar suas usinas nucleares, liberaria cerca de 10 bilhões de metros cúbicos de GNL e "ajudaria o mercado global de GNL", disse Birol, sem especificar um prazo.
Birol fez comentários semelhantes na terça-feira, dizendo que o reinício de mais usinas nucleares do Japão ajudaria a aliviar os temores de fornecimento de energia para a Europa durante o inverno, à medida que mais GNL ficará disponível para o mercado global.
(Por Yuka Obayashi e Emily Chow)