Por Gwladys Fouche e Nerijus Adomaitis
OSLO (Reuters) - Os mercados internacionais de petróleo estão adentrando um período sem precedentes de incerteza devido à instabilidade geopolítica e a frágil economia global, afirmou o diretor da Agência Internacional de Energia nesta terça-feira.
Preocupada com uma produção emergente saliente e similar à que levou à queda de preços em 2014, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) busca um corte de produção de 1 milhão de barris por dia para chegar a 1,4 milhões de barris diários.
Os Estados Unidos restabeleceram sanções destinadas ao setor petrolífero do Irã no início de novembro, cortando as exportações de petróleo cru do país a quase 1 milhão de barris por dia após um pico no último verão.
Embora Washington tenha prometido eventualmente suspender todas as vendas globais de petróleo do Irã, até agora oito compradores internacionais - China, Índia, Coreia do Sul, Japão, Itália, Grécia, Taiwan e Turquia - podem continuar suas importações sem serem penalizados.
"A decisão dos EUA sobre as dispensas às sanções ao Irã surpreenderam alguns players do mercado", disse o diretor da AIE, Fatih Birol, em uma entrevista nos bastidores da conferência organizada pela empresa energética norueguesa Equinor.
"Como resultado, o que vemos hoje é que os mercados estão bem supridos e o preço do petróleo caiu 20 dólares", disse Birol.
"Mas a economia global ainda passa por um período bem difícil e está muito frágil e temos uma estreita capacidade de produção no mundo, um mundo que está se tornando mais perigoso".
O petróleo Brent subiu para mais de 86 dólares o barril em outubro, principalmente por conta das preocupações sobre a oferta devido às sanções aplicadas ao Irã. Mas desde o anúncio da flexibilização das sanções, os preços caíram devido a preocupações com o excesso de produção, assim como uma desaceleração do comércio global. O Brent girava em torno de 66 dólares por barril na terça-feira.
"Estamos adentrando um período de incerteza sem precedentes nos mercados de petróleo", disse Birol na conferência
Birol reiterou seu pedido para que os principais produtores da commodity exercitem o "bom senso" na reunião de políticas da Opep em dezembro.
Perguntado sobre se o preço do petróleo poderia aquecer no ano que vem, Birol disse que isso dependeria de três fatores.
"Apesar do estado fraco da economia global, a demanda por petróleo ainda é forte, a capacidade de produção sobressalente está bem estreita e não sabemos qual será a decisão dos principais produtores da Opep em dezembro será", disse.
(Reportagem de Nerijus Adomaitis)