Milho do Brasil pode ter chance na China com mudanças após peste suína, diz especialista

Publicado 03.06.2020, 14:04
Atualizado 03.06.2020, 14:10
© Reuters.
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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - O milho do Brasil, segundo exportador global deste cereal, poderá ter oportunidades de ingressar no mercado da China, que atualmente já é a maior compradora de uma série de produtos agrícolas brasileiros, com o país asiático realizando uma reforma no sistema produtivo após impacto da peste suína africana, disse um respeitado especialista.

Marcos Jank, titular da cátedra Luiz de Queiroz de Sistemas Agropecuários Integrados no ciclo 2019-20 --entregue nesta quarta-feira ao ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli--, disse que a China passará a investir mais em sistemas modernos de produção de suínos, reduzindo granjas de fundo de quintal, o que demandará mais matérias-primas como milho e soja para as criações.

Segundo Jank, a China que responde por metade da produção global de carne suína está "eliminando o porco do fundo de quintal", as pequenas criações que colaboraram com a disseminação da peste suína africana, que dizimou o rebanho asiático.

"Ela passa para granjas modernas, e essas granjas consomem milho e soja, quando sai da granja de quintal", ressaltou ele, durante evento transmitido pela internet, que marcou também o lançamento do livro "Parceria Brasil-China em Agricultura e Segurança Alimentar".

A China, maior importador global de soja, que responde por mais de 80% das exportações brasileiras da oleaginosa, é um comprador menos relevante de milho, uma vez que possui uma grande produção local, lembrou Jank.

No caso do cereal, embora o Brasil seja um grande exportador atrás apenas dos Estados Unidos, não costuma vender aos chineses.

"Acho que temos oportunidade de sermos fornecedores de milho para China, acho que é próximo produto...", ressaltou ele, destacando ainda que o Brasil já é o principal exportador de diversas mercadorias agrícolas aos chineses, como carnes, e poderia ofertar milho também.

"Acho que trigo e arroz é mais complicado, pela segurança alimentar... Mas há também oportunidades de o Brasil exportar lácteos e peixes, produtos cujo consumo cresce fortemente lá."

Para o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, que também participou da palestra pela internet, o aumento expressivo registrado nas exportações agrícolas do Brasil para a China foi fruto de um "casamento entre o desenvolvimento da agricultura brasileira e a necessidade de segurança alimentar da China".

Ele citou ainda que alguns desses fatos de sucesso na relação Brasil-China aconteceram ao "acaso", e avalia que uma melhor organização pode impulsionar ainda mais as relações comerciais entre os dois países.

"Existe grande oportunidade para que o próximo capítulo possa ser feito de forma integrada, para potencializar os interesses de ambos", comentou Pessôa, que é autor de um dos capítulos do livro.

Além de Jank, a publicação tem como editores Pei Guo, da China Agricultural University, e Silvia Helena Galvão de Miranda, professora do departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP.

Redigido em inglês, o livro tem 12 capítulos, 428 páginas e traz um panorama completo sobre as relações Brasil-China no agronegócio. Para acessar a obra, clique em:

https://www.esalq.usp.br/biblioteca/pdf/Livro-China-Brazil-Digital.pdf

(Por Roberto Samora)

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