Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) -O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse nesta segunda-feira que a participação do agronegócio no combate à fome e a articulação do Ministério, tanto com membros do setor quanto com a comunidade internacional, serão alguns dos principais desafios de sua gestão.
Fávaro também destacou, durante cerimônia de transmissão de cargo um dia após ser empossado ministro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a produção agrícola brasileira será a "mais sustentável do mundo", citando elevados níveis de tecnologia, ciência e pesquisa.
O ex-ministro da Agricultura Marcos Montes, que liderou a pasta até o fim do ano passado, não participou da cerimônia de transmissão de cargo na sede da Embrapa e em seu lugar os protocolos foram realizados por um ex-secretário do ministério.
Enfatizando uma das maiores bandeiras do governo Lula, Fávaro ressaltou que a produção de alimentos terá papel fundamental no enfrentamento à fome, tendo como aliada a tecnologia agrícola da Embrapa.
"Quantos brasileiros não puderam almoçar hoje? Esse é o grande desafio que temos que enfrentar nesse governo, é o primeiro dos desafios", afirmou.
"Essa empresa aqui (Embrapa) é a grande responsável para que o Brasil se tornasse um player quase que incomparável da produção de alimentos. Quero assumir... o compromisso que é fortalecer a Embrapa... para que ela possa preparar nossa agricultura e pecuária para um grande momento de solução no combate à fome, de produção sustentável."
Ele lembrou que o país tem cerca de 30-40 milhões de hectares de pastagens degradadas, que podem ser incorporadas à produção agrícola e não estão em atividade por falta de investimento.
O ministro disse que Lula, o vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e demais atores como o BNDES estão engajados na ideia de ampliar os cultivos agrícolas do país nos próximos anos.
"Talvez 5% ao ano de incremento de área... Significa que em 20 anos dobraremos a área plantada brasileira sem derrubar uma árvore sequer", afirmou.
Na safra 2022/23, o Brasil deve registrar um avanço médio de 3,3% em área de plantio de grãos, considerando as culturas de verão e de inverno, para 76,9 milhões de hectares, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
UNIÃO
Derrotado por Lula nas urnas, o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha vasto apoio no agronegócio e contou com parruda participação financeira de membros do setor em sua campanha eleitoral.
Sobre o tema, Fávaro disse que independentemente do que passou, "a eleição acabou e agora temos um novo presidente", e a união de todos facilitará o trabalho por um Brasil melhor.
"Convoco aqui a Frente Parlamentar Agropecuária, o Instituto Pensar Agro, o IPA, para que tragam lideranças não para apoiar o governo, mas que estejam alinhados, que queiram construir pontes", afirmou o ministro.
"Uma das minhas missões é pacificar isso, é pacificar o agronegócio com lideranças que queiram o bem da nossa agropecuária", ressaltou.
Em novembro, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) chegou a declarar publicamente que interlocutores entre o PT e o agro não a representavam, dentre eles o então senador Carlos Fávaro, que posteriormente foi confirmado ministro da Agricultura.
No âmbito externo, Fávaro ressaltou nesta segunda-feira que um grande gargalo para a pasta é o fato de o Brasil ter se tornado nos últimos anos um foco mundial em relação ao desmatamento e o meio ambiente.
"Há condição de produzir com sustentabilidade... Esse é o maior desafio, reconstruir pontes com a comunidade internacional, não só porque eles querem, mas porque se faz necessário."
(Por Nayara Figueiredo, edição Alberto Alerigi Jr. e Pedro Fonseca)