SÃO PAULO (Reuters) - A moagem de cana do centro-sul do Brasil somou 46,191 milhões de toneladas na segunda quinzena de maio, aumento de 5,48% na comparação com o mesmo período da safra passada, ficando acima da expectativa do mercado, de acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) divulgados nesta terça-feira.
Já a produção de açúcar do centro-sul atingiu 2,9 milhões de toneladas, um avanço ainda maior na mesma comparação, de 25,16%, à medida que as usinas destinaram mais cana para a produção do adoçante, superando também as expectativas.
Os números reportados pela Unica superaram as previsões de produção de 2,77 milhões de toneladas de açúcar e de moagem de 45,39 milhões de toneladas, conforme pesquisa da S&P Global Commodity Insights, que havia apontado que tal volume do adoçante seria recorde histórico para o período.
No acumulado da safra iniciada em abril, a produção de açúcar da principal região produtora do Brasil soma 6,97 milhões de toneladas, alta de 37,7%, enquanto a moagem avançou 16,76%, para 125,4 milhões de toneladas.
Apesar dos números positivos, a Unica afirmou que a safra tem um atraso relativo no acumulado do ciclo, considerando outras temporadas com previsão de moagem tão grande quanto a que poderia ser registrada em 2023/24.
"Uma comparação mais criteriosa, considerando a safra 2020/2021 como referência -- o último ciclo em que a moagem de cana superou 600 milhões de toneladas -- mostra uma variação negativa 13,81% ou, de forma absoluta, de 20,09 milhões de toneladas", disse a Unica em nota.
"Se a expectativa de superar a marca de 600 milhões (de toneladas no total da safra 2023/24) vier a se concretizar, é necessário que tal defasagem seja compensada, seja por um bom ritmo de colheita nos meses mais secos -- que tem sido colocado em xeque pelo advento do El Niño -- seja por um prolongamento da safra que adentrará o mês de dezembro de 2023, ou antecipará o início do ciclo seguinte para março de 2024", acrescentou a Unica.
Um padrão El Niño pode trazer chuvas para algumas regiões produtoras, atrapalhando a colheita.
A associação do setor informou ainda que seis unidades deram início à safra 2023/2024 na segunda metade de maio, e que ao término da quinzena 245 unidades estavam em operação, sendo 231 unidades com processamento de cana, sete empresas que fabricam etanol a partir do milho e sete usinas flex. O número é inferior às 252 unidades em atividade no mesmo período da safra passada.
No acumulado da safra, o setor destinou 46,88% da cana para a produção de açúcar, versus 40,50% no mesmo período do ano passado, uma vez que o adoçante está gerando mais rentabilidade do que o etanol.
ETANOL
Na segunda metade de maio, o setor produziu 2,08 bilhões de litros, com alta de 2,35% ante o mesmo período do ciclo anterior.
Do volume total produzido, o etanol hidratado alcançou 1,18 bilhão de litros (-6,38%), enquanto a produção de etanol anidro (misturado à gasolina) totalizou 906,99 milhões de litros (+16,44%).
No acumulado desde o início do atual ciclo agrícola até 1º de junho, a fabricação do biocombustível totalizou 5,77 bilhões de litros (+11,12%), sendo 3,39 bilhões de etanol hidratado (-5,17%) e 2,37 bilhões de anidro (+47,24%).
Do total de etanol obtido na segunda quinzena de maio, 10% foram fabricados a partir do milho. No acumulado desde o início da safra, a fabricação do combustível a partir do cereal atingiu 907,62 milhões de litros, alta de 52,19%.
No mês de maio, as vendas de etanol pelos produtores totalizaram 2,39 bilhões de litros, alta de 1,56% em relação ao mesmo período da safra 2022/2023.
O total de etanol hidratado comercializado somou 1,29 bilhão de litros (retração de 12,44%).
No caso do anidro, as vendas atingiram 1,11 bilhão de litros, avanço de 24,69%, com a gasolina mais competitiva que o hidratado na grande maioria dos Estados brasileiros alavancando vendas do combustível aditivo.
No acumulado da safra 2023/2024, a comercialização de álcool hidratado somou 2,50 bilhões de litros (-13,04%), enquanto o anidro atingiu 1,98 bilhão de litros (+17,09%).
(Por Gabriel Araujo e Roberto Samora)