Por Steve Holland e Jeff Mason
WASHINGTON (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Paul Ryan, pediu nesta sexta-feira para o presidente Donald Trump não revogar um programa da era Obama que protege imigrantes que entraram ilegalmente nos EUA quando crianças, se juntando a líderes empresariais e outros opostos à revogação.
A porta-voz da Casa Branca Sarah Sanders disse que Trump irá anunciar na terça-feira se irá revogar a Ação Diferida para Chegadas Infantis, ou programa Dreamers (Sonhadores), que protege quase 800 mil pessoas de deportação. O programa também permite que os beneficiados sejam elegíveis para permissões de trabalho.
“Nós amamos o ‘Dreamers’”, disse o presidente republicano a repórteres no Salão Oval.
Ryan e o senador Orrin Hatch, ambos republicanos, se juntaram nesta sexta-feira a um pequeno, porém crescente, grupo de parlamentares do Partido Republicano para protestarem contra o fim do programa, criado em 2012 pelo ex-presidente democrata Barack Obama e há tempos alvo de conservadores linhas-duras sobre imigração.
“Eu realmente não acho que ele deveria fazer isto e eu acredito que isto é algo que o Congresso precisa ajustar”, disse Ryan em entrevista à rádio WCLO em sua cidade-natal de Janesville, Wisconsin.
“Estas são crianças que não conhecem outro país, que foram trazidas para cá por seus pais e não conhecem outra casa. E então eu realmente acredito que deve haver uma solução legislativa. Esta é uma na qual estamos trabalhando. E eu acredito que queremos dar às pessoas paz de espírito”, acrescentou Ryan.
Hatch disse em comunicado que revogar o programa irá complicar ainda mais um sistema imigratório norte-americano severamente necessitado de reforma legislativa.
“Assim como o presidente, há tempos defendo medidas mais duras para nossas leis existentes de imigração. Mas nós também precisamos de uma solução trabalhável e permanente para indivíduos que entraram em nosso país ilegalmente como crianças sem culpa e que construíram suas vidas aqui. E esta solução deve vir do Congresso”, acrescentou o senador republicano.
Trump tornou a repressão aos imigrantes ilegais uma peça central de sua campanha eleitoral de 2016 e aumentou deportações desde que assumiu, em janeiro. Mas líderes empresariais dizem que imigrantes fazem importantes contribuições econômicas e que acabar com o programa pode prejudicar crescimento econômico e receitas fiscais.