Por Pavel Polityuk
KIEV (Reuters) - Navios que transportam grãos deixaram os portos ucranianos nesta segunda-feira, apesar de a Rússia ter abandonado um acordo apoiado pela Organização das Nações Unidas para garantir as exportações da zona de guerra, sugerindo que Moscou não conseguiu reimpor um bloqueio que pode ter causado fome ao redor do mundo.
Sirenes de ataques aéreos soaram em toda a Ucrânia e explosões ocorreram em Kiev enquanto a Rússia lançava mísseis em novos ataques aéreos. Autoridades ucranianas disseram que a infraestrutura de energia foi atingida, interrompendo o fornecimento de eletricidade e água em várias áreas.
Mas a retomada das exportações de alimentos a partir dos portos ucranianos sugere que pelo menos um cenário terrível foi evitado por enquanto. Autoridades internacionais temiam que Moscou voltasse a impor um bloqueio aos grãos ucranianos, depois que a Rússia anunciou no sábado que estava se retirando do programa apoiado pela ONU que escolta navios de carga pelo Mar Negro.
"Navios de carga civis nunca podem ser alvos militares ou reféns. A comida precisa fluir", escreveu no Twitter Amir Abdullah, autoridade da ONU que coordena o programa.
Pouco depois, a Ucrânia confirmou que 12 navios haviam zarpado. As 354.500 toneladas de grãos que eles carregavam eram muito mais do que normalmente saem em um único dia, sugerindo que uma série de pedidos estava sendo liberada depois que as exportações foram interrompidas no domingo.
A Ucrânia e a Rússia estão entre os maiores exportadores mundiais de alimentos. Por três meses, o acordo apoiado pela ONU garantiu que as exportações ucranianas pudessem chegar aos mercados.
Moscou disse que foi forçada a desistir do acordo de transporte marítimo depois de culpar Kiev por explosões que danificaram navios da marinha russa em um porto da Crimeia no sábado.
A Ucrânia não confirmou nem negou estar por trás dessas explosões, mas diz que a marinha russa é um alvo militar legítimo. Moscou disse que as explosões foram causadas por uma frota de drones marítimos e aéreos.
Os Estados Unidos acusaram a Rússia de usar comida como arma, e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy disse que Moscou está "chantageando o mundo com fome". A Rússia negou essas acusações, mas disse que, com suas forças navais danificadas, não era mais capaz de garantir um transporte seguro.
Os ataques com mísseis da Rússia durante a hora de pico da manhã desta segunda-feira repetiram uma tática que a Rússia seguiu neste mês de atingir a infraestrutura civil ucraniana, especialmente usinas de energia.
(Reportagem de Reuters)