Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - As negociações das novas bases financeiras de comercialização da energia da binacional Itaipu podem levar anos para serem definidas e aplicadas, segundo o diretor financeiro da hidrelétrica, André Pepitone.
A geração de Itaipu é compartilhada entre Paraguai e Brasil. Mas como os paraguaios não consomem toda a energia produzida pela usina, os brasileiros compram uma cota do país vizinho.
"Pelo ritmo que a gente observa, pela diferença entre Brasil e Paraguai, que vende energia ao Brasil e sempre vai querer mais... Eles falam em consumir a parte deles daqui a dez anos, e para isso teria que aumentar o patamar de crescimento", declarou Pepitone à Reuters.
"Já o Brasil vai querer reduzir ao máximo. Eles (vão querer) aumentar ao máximo. São interesses antagônicos, então não é coisa para dias ou meses, é para (definir) em anos. Algo para anos de conversa", adicionou o diretor.
Os valores da energia têm sido motivo de divergências entre os dois lados. Após um acordo comercial, o processo ainda precisa passar pelos Congressos de Brasíl e Paraguai.
Um novo governo eleito no Paraguai deve assumir as negociações no segundo semestre, tornando as conversas ainda mais desafiadoras.
"Já tem grupos temáticos discutindo, mas com o novo governo do Santiago Peña vamos começar de fato as interlocuções", disse, durante um evento no Rio de Janeiro.
O lado brasileiro deve apresentar sua proposta sobre o chamado Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as bases financeiras, a partir de agosto deste ano.
Em 2023, o acordo entre Brasil e Paraguai completou 50 anos e os governos buscam uma revisão de seu Anexo C.
As dívidas contraídas para a construção da usina já foram quitadas este ano, segundo Itaipu, abrindo espaço para novas negociações entre as partes.
Segundo o diretor, o Brasil fica em média com 85% da potência de Itaipu, e o Paraguai com restante.
A usina, no entanto, tem peso de quase 8% no PIB paraguaio, de acordo com Pepitone.