Por Barani Krishnan
Investing.com - A questão de o que os Estados Unidos oferecerão como seu primeiro corte de produção de petróleo dominou o mercado nesta quarta-feira (8), com os preços subindo por causa das quedas de produção indicadas pelo braço de energia do governo.
Estima-se que a produção de petróleo dos EUA tenha caído para 12,4 milhões de barris por dia na semana passada, dos 13 milhões de bpd observados durante a semana terminada em 27 de março, informou a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês) em seu relatório semanal de oferta e demanda.
Em um relatório separado na terça-feira, a EIA previu que a produção dos EUA fosse em média 11,8 milhões de bpd em 2020, ajustando-se à demanda perdida pela crise do coronavírus. A produção de petróleo dos EUA atingiu um recorde de 13 milhões de bpd no início deste ano.
O West Texas Intermediate, índice de referência do petróleo dos EUA negociado em Nova York, subia US$ 2,64, ou 11,2%, a US$ 26,27 por barril às 17h (horário de Brasília).
O Brent, índice de referência global negociado em Londres, subia US$ 1,75, ou 5,5%, a US$ 33,62.
O mercado subiu apesar de a AIA relatar um salto impressionante de 15,2 milhões de barris nos estoques dos EUA na semana encerrada em 3 de abril, número superior ao aumento da semana anterior, de 13,8 milhões de barris.
Os participantes do mercado acreditam que a queda na produção de 600.000 bpd relatada pelo EIA, bem como suas expectativas de um declínio adicional de 600.000 bpd - com base na previsão de produção reduzida da agência para 2020 - serão a "oferta" dos EUA para os cortes que serão debatidos em reuniões de produtores mundiais nesta semana.
A Opep está programada para realizar uma reunião em vídeo na quinta-feira, com a Rússia e outros aliados sob a iniciativa Opep+, para discutir cortes na produção que possam mitigar a demanda perdida na crise do Covid-19.
Os ministros da energia do G20 se reunirão na sexta-feira através de vídeo para discutir o mesmo, com o secretário de energia Dan Brouillette representando os Estados Unidos.
Os analistas disseram esperar que a Brouillette use os dados do EIA como prova da contribuição dos cortes dos EUA na produção.
"Brouillette (provavelmente) já deu no relatório semanal de hoje da AIA (as) a contribuição dos EUA para o GLOPEC", tuitou Olivier Jakob, chefe da consultoria de energia Petromatrix, com sede em Zug, Suíça, referindo-se à reunião do G-20.
Isso será consistente com a mensagem que vem da Casa Branca desde que o presidente Donald Trump iniciou as reuniões com produtores de petróleo nesta semana.
Trump, que iniciou as negociações depois de pedir ao príncipe herdeiro saudita Mohammad bin Salman e ao presidente russo Vladimir Putin para salvar o mercado, disse na segunda-feira que não estava considerando cortes adicionais nos EUA acima do que estava acontecendo "automaticamente" no mercado.
Porém, a oferta implícita de 1,2 milhão de barris dos Estados Unidos parece uma gota no oceano, considerando a perda de demanda de 20 a 30 milhões de bpd estimada pelos analistas.
A Rússia sugeriu que não pode oferecer mais de 600.000 bpd devido a restrições fundamentais em sua infraestrutura de petróleo. Ao mesmo tempo, o Kremlin disse que “as quedas na produção de petróleo direcionadas pelo mercado não são iguais aos cortes reais na produção” - um aviso de que a oferta dos EUA de quedas “automáticas” não será suficiente.
A Arábia Saudita ainda não se comprometeu com um número.
"É possível que a OPEP não chegue a um acordo, porque os EUA dizem que um corte está acontecendo 'naturalmente' e não cortará mais", disse Tariq Zahir, fundador do fundo Tyche Capital Advisors, focado em petróleo, de Nova York. "Nesse caso, podemos ver os preços do petróleo caírem para abaixo de US$ 20 de uma maneira bastante acelerada".
O WTI atingiu uma mínima de 18 anos, em US$ 19,27, na semana passada.