SÃO PAULO (Reuters) - As queimadas nos canaviais paulistas se espalharam por mais de 100 mil hectares, elevando os prejuízos para 800 milhões de reais, estimou nesta quinta-feira a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana).
A entidade, que conta com 35 associações de fornecedores de cana e representa mais de 12 mil produtores, havia estimado até o final do mês passado a área atingida em 80 mil hectares.
Os novos números contabilizam os incêndios registrados no fim de semana dos dias 24 e 25 de agosto e as ocorrências subsequentes até a quarta-feira (4), explicou a Orplana, em nota.
A nova estimativa representa 2,3% da área total de cana de São Paulo, maior produtor do país, com cultivos em 4,3 milhões de hectares.
Foram queimados canaviais em estágio mais próximo da colheita e em rebrota, o que pode impactar a safra do ano que vem. O setor tem citado que as queimadas tiveram origem criminosa.
"Esse cenário de clima seco e falta de chuvas pode impactar a safra futura, mas ainda é cedo para essas previsões. Esperamos que as chuvas deste final de ano venham de forma uniforme e volumosa e a rebrota da cana-de-açúcar aconteça de uma maneira mais tranquila", disse CEO da Orplana, José Guilherme Nogueira.
Na véspera, a consultoria Datagro reduziu em 9 milhões de toneladas a expectativa da safra de cana do centro-sul do Brasil, para 593 milhões de toneladas em 2024/25, em meio a impactos da seca e após as queimadas.
Com isso, a produção de açúcar do centro-sul do Brasil foi estimada em 39,3 milhões de toneladas na temporada 2024/25, ante 40,025 milhões de toneladas na projeção anterior.
Segundo a Datagro, os incêndios provocaram preocupações sobre as áreas a serem colhidas na próxima safra de 2025/26. Como atingiram áreas de rebrota, isso deve "encorajar os produtores a retardar o início das operações de moagem na próxima temporada", disse a consultoria.
A Orplana ainda destacou anúncio feito pelo Ministério da Agricultura sobre uma linha de crédito específica para o replantio da cana-de-açúcar nas áreas produtoras afetadas pelas queimadas.
(Por Roberto Samora; edição de Marta Nogueira)