Por Barani Krishnan
Investing.com - A mosquinha dourada pode finalmente ter picado.
Depois de meses de frustração sobre o infeliz estado do mercado de ouro em relação à alta real dos preços para bens e serviços nos Estados Unidos, os longs no metal tiveram sua redenção quando a commodity chegou à sua máxima em cinco meses, acima de US$ 1.870 por onça, na quarta-feira.
O contrato mais ativo dos futuros de ouro dos EUA, para dezembro, apresentava alta de US$ 16,35, ou 0,9%, a US$ 1.847,15 por onça, após atingir o pico de US$ 1.870,35 — seu maior valor desde 15 de junho.
O rali veio depois que o Departamento do Trabalho anunciou mais cedo no dia que o Índice de Preços ao Consumidor dos EUA, que representa uma cesta dos produtos desde gasolina e saúde a alimentos e aluguel, subiu 6,2% no período de 12 meses até outubro.
Foi o maior crescimento do IPC desde novembro de 1990, uma aceleração motivada principalmente pelos preços dos combustíveis nas bombas, que estão no patamar mais alto em sete anos.
O ouro sempre foi considerado uma proteção contra a inflação. Mas ele não tem feito jus a essa fama ao longo do último ano, já que a incessante especulação quanto ao Federal Reserve ser forçado a elevar as taxas de juros antes do esperado causou um rali nos rendimentos do Tesouro e no dólar, às custas do ouro.
Essa tendência desabou na semana passada, depois de o presidente do Fed, Jerome Powell, ter assegurado pela enésima vez que o banco central será paciente com a subida das taxas, que só deverão ocorrer após meados de 2022 e, mais provavelmente, próximo ao fim do ano.
Além da retomada de quarta-feira, os preços do ouro vêm subindo de maneira continuada por cinco dias consecutivos, atingindo a sua maior sequência positiva desde a primeira semana de julho, quando o mercado ficou no azul durante sete dias.
Mais surpreendente foi a trajetória ascendente inflexível do ouro apesar dos rendimentos da nota do Tesouro de 10 anos dos EUA – um indicador chave das taxas de juros reais que costumam deprimir o ouro quando fazem movimentos de rali – subindo quase 6% no dia. O índice do dólar, medido em contraste a uma cesta das seis principais moedas, também apresentava alta no dia.
Desde o seu último fechamento no vermelho em 3 de novembro, o ouro para dezembro já avançou mais de US$ 90, ou 5%.
"O pessoal do ouro ao meu redor está no modo ‘hot hot hot’ com o relatório da inflação", disse Ed Moya, analista da plataforma de negociação online OANDA, citando a canção de sucesso "Feeling Hot Hot Hot" dos Merrymen.
"A inflação atingir seu nível mais alto em 30 anos foi música para os ouvidos dos investidores de ouro. A forma como o comércio do ouro está se desdobrando parece bem bullish. O ouro ultrapassou o nível dos US$ 1.840 e agora enfrenta uma tentativa de resistência ao nível dos US$ 1.900. A dinâmica do ouro deverá continuar se os rendimentos reais continuarem a diminuir".