O ouro fechou em baixa nesta quarta-feira, 3, pressionado pelo fortalecimento do dólar ante pares globais e a alta dos juros dos Treasuries na maior parte do dia. Os movimentos se deram em meio a falas de teor mais hawkish de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que buscam conter as expectativas de investidores quanto a uma eventual moderação no aperto monetário nos EUA.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para dezembro recuou 0,74%, a US$ 1.776,40 por onça-troy.
Durante o dia, o mercado acompanhou diversos dirigentes do Fed comentarem a trajetória da política monetária nos próximos meses. Presidente da distrital de St. Louis do BC, James Bullard defendeu que os juros básicos cheguem à faixa entre 3,75% a 4,00% até o fim do ano.
Mary Daly, do Fed de São Francisco, prefere nível menor, a 3,4%. Ela, porém, não descartou uma nova alta de 75 pontos-base em setembro, embora também ache um aumento de meio ponto porcentual algo "razoável". O chefe do Fed de Richmond, Thomas Barkin, por sua vez, espera redução paulatina da inflação nos EUA.
"O principal driver do ouro será a avaliação de Wall Street sobre quantos aumentos de juros o Fed fará até pausar o atual ciclo de aperto monetário", comenta o analista Edward Moya, da Oanda. "Parece que as chances de um aumento de 75 pontos-base na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) de setembro estão muito fortes e isso pode manter o dólar apoiado, o que deve tornar difícil para o ouro subir acima do nível de US$ 1,8 mil por enquanto", projeta.
Em relatório, a Capital Economics estende a previsão de fraqueza do ouro para o restante de 2022, mas espera também alguma recuperação em 2023. No ano que vem, os mercados já terão precificado o aperto do Fed e a demanda por ouro como um ativo de segurança crescerá. A consultoria prevê que o preço do metal termine o ano em torno de US$ 1,650 mil, antes de começar a subir em 2023.