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Ouro ficou abaixo de US$ 1.800, o que vem em seguida? Petróleo animado com decisão da Opep+

Publicado 09.01.2022, 09:50
Atualizado 09.01.2022, 17:47
© Reuters
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Por Barani Krishnan

Investing.com -- A definição de “ponto de inflexão” é o ponto de uma curva no qual ocorre a mudança da direção da curvatura. Na perspectiva comercial, é o ponto em que a sua posição pode ir para o lado que permite que você levante seu copo em comemoração - ou resmungar porque, mais uma vez, você leu o mercado de forma completamente errada.

O ouro está num ponto assim, depois de fechar na sexta-feira ligeiramente abaixo do patamar crítico de US$ 1.800 por onça, ajudado por um salto modesto no dia apesar de uma queda próxima a 2% na semana, em seu maior declínio semanal desde novembro.

Os rendimentos do título de 10 anos do Tesouro dos EUA atingiram máximas de dois anos imediatamente antes do fechamento da semana, e o índice do dólar recuou, mas não muito longe dos seus picos recentes.

No entanto, o ouro mostrou resiliência em seu último pregão, indicando que poderia estar acompanhando o pique da inflação dos EUA, que avançava a seu ritmo mais rápido em 40 anos. Isso não só faz do metal dourado uma negociação interessante, mas também um ativo que está ficando mais difícil de ler.

"O ouro teve uma semana ruim, mas poderia ter sido muito pior quando se considera que o rendimento do Tesouro de 10 anos passou de 1,53% para 1,75%", afirmou Ed Moya, analista na plataforma de negociação online OANDA, num post na sexta-feira pouco antes do rendimento do título de referência alcançar a máxima de janeiro de 2020, a 1,79%.

Embora o ouro tenha operado abaixo do nível de US$ 1.800 e das médias móveis simples de 50 e 200 dias, "um selloff continuado parece menos provável", afirmou Moya. Mas ele admitiu que "caso o sentimento pessimista retorne na próxima semana, os compradores podem surgir na área dos US$ 1.770".

A segunda-feira foi uma espécie de déjà vu para os longs do ouro, que entraram o primeiro dia de negociação de 2022 sangrando após tomarem o golpe mais duro em seis semanas dos rendimentos do Tesouro dos EUA e da disparada do dólar com as expectativas de aumentos dos juros.

Mesmo assim, depois de mergulharem cerca de 1,5% ou mais no dia - o seu maior recuo desde a terceira semana de novembro - os preços do ouro recuperaram o terreno dos US$ 1.800, mas a duras penas, com os futuros encerrando o pregão de Nova York aos US$ 1.800,10 por onça, enquanto o spot encerrou aos US$ 1.800,85.

Isso levou a mensagens confusas no ouro: Que os investidores que creem no metal dourado como uma proteção para a inflação poderiam tentar empurrá-lo para cima nos próximos dias e semanas, mesmo enquanto os vendedores em short buscam derrubá-lo mais se rendimentos e o dólar continuarem a subir em um rali que pode ser fatal para o ouro.

A atividade de segunda-feira no ouro também provou outra coisa: que um enorme paredão de resistência aguardava os longs para além dos US$ 1.830 por onça.

O ouro vem tentando em vão quebrar a resistência de US$ 1.830 inúmeras vezes desde novembro. Ele realizou outra tentativa na quarta-feira, pouco antes da divulgação da ata da reunião do Federal Reserve de dezembro, que indicou que o primeiro aumento dos juros da era da pandemia nos EUA poderia vir já em março. Essa ata do Fed apontou, mais uma vez, para dádivas para os rendimentos e o dólar, e desânimo para ações e portos seguros como o ouro.

O paredão de US$ 1.830 pode ser agora uma zona de oscilação a mais longo prazo, segundo os analistas gráficos que estão traçando o próximo passo técnico do ouro.

"Os preços de US$ 1.829 e US$ 1.832 dólares são ambos retraçamentos de Fibonacci, sendo que o último deles é o marcador de 38,2% da principal movimentação de 2020-2021", escreveu James Stanley, estrategista sênior de metais preciosos, num post de blog publicado no início desta semana no Daily FX.

"Esta mesma zona de confluência capturou altas do ouro durante julho, agosto e setembro do ano passado", afirmou.

A bandeira de baixa do ouro para 2022 não poderia ser desperdiçada, dado o ambiente em que se espera que o Fed comece a aumentar as taxas em algum momento este ano, Stanley observou, acrescentando: "O timing continua sendo a questão, mas o acompanhamento de uma bandeira de urso a curto prazo mantém a perspectiva do lado curto do mercado".

E esse lado curto poderia levar o ouro mais para baixo, para menos de US$ 1.700, ele disse.

Stanley acrescentou que, em 2021, três testes diferentes da zona de US$ 1.680 criaram uma zona de suporte que serviu como piso recente para o metal dourado. "Essa zona horizontal entrou em jogo em março, abril e agosto, com uma assistência em agosto vinda de um retraçamento de Fibonacci de longo prazo, a partir do qual 38,2 se encontra bem em US$ 1.682".

"É de se notar que essas retomadas a partir do suporte parecem estar carregando um impacto marginal decrescente, o que permitiu a formação de uma linha de tendência de queda. A linha de tendência bearish, combinada com o suporte horizontal, gera a formação de triângulo descendente, que será abordado diversas vezes com o objetivo de rupturas de queda".

O ouro é tradicionalmente considerado como uma proteção contra a inflação, embora esse argumento tenha perdido força no ano passado, à medida que os preços do metal caíram constantemente em face das aceleradas pressões de preços numa economia norte-americana em retomada agressiva na sequência da pandemia do coronavírus. Muitas vezes, o ouro caiu às custas dos rendimentos e do dólar, à medida que ambos realizaram ralis com as expectativas de aumentos dos juros por parte do Fed a fim de reduzir a inflação.

O Fed definiu um calendário acelerado para encerrar seu estímulo da era da pandemia, e disse que poderia haver até três aumentos dos juros em 2022. Mas esses planos também irão depender da sua capacidade de manter a inflação a 2% ao ano, e o desemprego a cerca d 4% num cenário ideal, que ele define como "pleno emprego".

"É pouco provável que o Fed tenha tantos aumentos de juros como acredita no próximo ano, e se o emprego se desacelerar novamente por qualquer motivo, o hedge no ouro poderá se tornar um assunto novamente", disse Phillip Streible, estrategista de metais preciosos da Blue Line Futures, em Chicago.

A taxa de desemprego dos EUA disparou para um recorde de 14,8% em abril de 2020, após o surto de Covid-19, mas recuou para 3,9% no mês passado - atingindo a meta do Fed para o pleno emprego. Mas Índice de preços ao consumidor dos EUA e o indicador preferido do Fed para a inflação - o índice de Despesas de Consumo Pessoal - aumentaram ambos a seu ritmo mais rápido em 40 anos em novembro.

As notícias de aumentos de juros são quase sempre ruins para o ouro, o que se refletiu em parte no ano passado, ao fechar 2021 em queda de 3,6% no seu primeiro recuo anual em três anos e a maior perda desde 2015.

Mas alguns analistas acreditam que, caso o tema da inflação dos EUA continue forte ao longo de 2022, o ouro poderá vivenciar uma retomada e até mesmo retraçar as máximas históricas de 2020 acima dos US$ 2.100 – que, aliás, vieram na sequência de receios com as crescentes pressões sobre os preços.

Resumo do preço do ouro e perspectivas técnicas

O contrato mais ativo do futuro do ouro na Comex de Nova York, para fevereiro, fechou em alta de US$ 8,20, ou 0,5%, aos US$ 1.797,40.

Na semana, ele caiu 1,7% após a queda de quase 2% na quinta-feira.

Sunil Kumar Dixit, estrategista técnico do skcharting.com, disse que a perspectiva do ouro para a semana seguinte estava cheia de possibilidades nos dois lados da cerca.

"Há uma sobrevenda estocástica no gráfico diário e também um fechamento positivo nele, o que pode motivar alguma recuperação se os preços mantiverem o suporte acima de US$ 1.798", disse Dixit. "Ele pode testar os US$ 1.810 como seu primeiro alvo e expandi-los para US$ 1.825 em compras consistentes".

Ele observou que o ouro tinha testado a máxima de US$ 1.831 da semana anterior e enfrentou uma rejeição brutal, rompendo abaixo de US$ 1.789 e tocando US$ 1.782 antes de se fechar com queda de US$ 31 na semana, a um retraçamento de Fibonacci de 50%, medido a partir da máxima de maio 2021 de US$ 1.916 até a mínima de março de 2021 de US$ 1.678.

"A incapacidade de se manter acima dos US$ 1.797 pode retomar a venda para voltar a testar a mínima de US$ 1.782 e estender a queda para os US$ 1.770 - US$ 1.768. Isso marcaria um nível de Fibonacci de 61,8% do retraçamento supracitado. A zona de US$ 1.770 US$ 1.768 dólares é crítica para uma grande movimentação de queda para US$ 1.753".

Resumo do mercado do petróleo

Os preços brutos despencaram na sexta-feira, com os longs do mercado realizando parte dos lucros após uma sequência de quatro dias, mas a semana foi excelente para os touros do petróleo, entusiasmados pela decisão da OPEP de elevar a produção em um mercado ainda afetado pelos impactos das variantes da Covid sobre a economia global.

O fraco relatório de emprego nos EUA em dezembro - com adição de apenas 199.000 postos em contraste com a expectativa de 450.000 vagas - também pesou sobre o último pregão da commodity, embora o próprio país esteja dentro da definição de pleno emprego do Fed, com uma taxa de desemprego pouco abaixo de 4%.

"Embora o otimismo esteja elevado, de que os impactos da variante ômicron sobre as perspectivas da demanda por petróleo bruto serão breves, é cedo demais para ser otimista de que o pior desta onda já passou", afirmou Moya, analista da OANDA. "Com os EUA ainda vendo algumas partes do país lutando contra hospitalizações e a Alemanha considerando novas restrições, e à medida que a China continua a recorrer a duros lockdowns, as perspectivas para a demanda a curto prazo ainda enfrentam certo nível de dificuldades".

Embora esse seja o caso, a OEP+, aliança mundial de produtores, também manteve a produção sob forte controle, apesar de ter concordado com um aumento de 400.000 barris por dia para fevereiro - uma tendência que mantém ativa desde agosto, À medida que a demanda por petróleo retorna aos níveis pré-pandemia.

"O mercado de petróleo permanece muito apertado e isso deve continuar a acontecer durante o primeiro semestre, enquanto as perspectivas de crescimento nos EUA e na Europa permanecem muito fortes", acrescentou Moya.

Além da confiança nas manobras de mercado da OPEP+, os preços do petróleo também foram impulsionados esta semana pelo risco geopolítico relativo à crise no Cazaquistão.

Resumo do preço do petróleo e perspectivas técnicas

O petróleo West Texas Intermediate (WTI), referência do petróleo nos EUA, fechou em queda de US$ 0,56, ou 0,7% no dia, a US$ 78,90 por barril. Na semana, o WTI avançou pouco mais de 5%, subindo pela terceira semana consecutiva em um rali que entregou cerca de 10% ao todo.

O Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, recuou US$ 0,24, ou 0,3%, fechando a sexta-feira a US$ 81,75. Na semana, o Brent avançou mais de 5%, subindo também pela terceira semana consecutiva, em uma escalada que já entregado cerca de 10% ao todo.

Dixit, do skcharting.com, afirmou que o WTI pode se consolidar numa atividade lateral, mas com um viés bullish  após a onda ascendente da semana passada suportada pelo nível de US$ 74, que disparou para a barreira psicológica de US$ 80.

"A negociação no lado mais forte dos US$ 80 pode mandar o petróleo dos EUA para as zonas de US$ 83 e US$ 85, em meio a alvos de médio prazo de US$ 89 e US$ 90", disse Dixit. "Mas o ímpeto ascendente poderá ser reprimido se as zonas críticas de suporte a curto prazo de US$ 75 e US$ 73 falharem".

Isenção de responsabilidade: Barani Krishnan não possui posição nas commodities e valores mobiliários sobre as quais escreve.

 

 

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