Por Barani Krishnan
Investing.com - Os preços do ouro caíram abaixo de US$ 1.750 por onça na quinta-feira, esfacelados pelos rendimentos dos títulos dos EUA depois que o Federal Reserve anunciou que provavelmente irá encerrar seu pacote de estímulo econômico em função da pandemia até meados de 2022, embarcando em uma elevação das taxas de juros ao fim do ano que vem.
O contrato mais ativo dos futuros de ouro dos EUA para dezembro fechou em queda de US$ 29, ou 1,6%, a US$ 1.749,80 por onça na Comex de Nova York, após uma mínima no pregão de US$ 1.745,95.
Foi a segunda vez em uma semana que o ouro cedeu 2% ou mais em resposta ao potencial impacto das alterações do Fed no seu programa de estímulo e aumento dos juros.
O ouro de dezembro chegou a ser negociado a US$ 1.788,25 na quarta-feira, antes do banco central definir calendário de encerramento da sua compra mensal de títulos de US$ 120 bilhões, bem como da elevação das taxas do atual patamar de zero para 0,25%.
"Não foram os melhores dias para o ouro, já que os planos de tapering do Fed e de talvez aumentar os juros no ano que vem não são exatamente benéficos para um rali forte no metal dourado", disse Craig Erlam, analista da plataforma de negociação online OANDA.
"Ele estava numa sequência razoável no início da reunião (do Fed), mas cedeu rapidamente ao redor dos US$ 1.780 - (seu) suporte anterior - antes de voltar a cair. A perspectiva de curto prazo não é boa, com os próximos testes vindo em torno dos US$ 1.740 e US$ 1.700".
O ouro especificamente foi pressionado na quinta-feira depois que os rendimentos da nota do Tesouro dos EUA de 10 anos, referência do mercado, bateu acima dos 1,4% pela primeira vez desde julho. O rendimento é um indicador das expectativas do mercado sobre a inflação real e a rapidez com que o Fed terá que reagir para reduzir as pressões.
Na conclusão da reunião mensal de política monetária do banco central, o presidente do Fed, Jay Powell, repetiu o seu mantra de que a inflação apresentava tendência acima da meta do Fed de 2% ao ano, devido aos custos mais elevados de se fazer negócios numa economia com restrições pandêmicas.
O mercado tem demonstrado de forma consistente que tem pouca fé na capacidade do Fed em conter a inflação, o que tem enviado os rendimentos dos títulos a valores máximos em vários anos desde o fim de 2020 como reflexo dessa descrença. O ouro, um ativo sem rendimento considerado como um porto seguro, foi a principal vítima desses aumentos de rendimento.