Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) disse nesta quarta-feira que a Refinaria Presidente Bernardes (RPBC) em Cubatão, em São Paulo, está produzindo normalmente e atendendo a demanda do mercado, apesar de reconhecer atraso na entrega de combustíveis em alguns Estados.
Em nota enviada à Reuters sobre o assunto, a estatal disse que ocorreram atrasos pontuais na entrega de combustíveis em alguns portos por navios de cabotagem nos Estados de Espírito Santo, Paraíba e Pernambuco.
"As entregas já foram regularizadas na Paraíba e em Pernambuco. No Espírito Santo, a entrega de gasolina sofreu atraso devido a condições marítimas adversas e a companhia está adotando soluções logísticas para que situação seja contornada no menor tempo possível", disse a Petrobras.
Mais cedo nesta quarta-feira, uma fonte do setor de combustíveis disse à Reuters que a refinaria de Cubatão continua operando com capacidade reduzida desde o final do ano passado devido a problemas operacionais, com reflexo no abastecimento de gasolina em diferentes Estados do Nordeste desde o fim de 2015.
Segundo a fonte, há registros de falta de gasolina na Paraíba desde o Natal, devido à redução da produção da refinaria de Cubatão, com capacidade para processar 178 mil barris de petróleo por dia e que responde por 8 por cento da produção nacional de derivados.
"A situação melhorou em Pernambuco e Ceará e não esperamos mais problemas nestes Estados. Na Paraíba, ainda a situação é de atenção porque o próximo navio tem previsão para sábado e até lá as distribuidoras estão tentando deslocar volumes de Suape (PE) e Guamaré (RN) para reduzir os efeitos de mais um atraso", afirmou a fonte, na condição de anonimato.
Nesta quarta-feira, o governo da Paraíba informou em nota que autoridades do Estado se reuniriam nesta tarde com o diretor de Abastecimento da Petrobras, Jorge Celestino, e representantes da estatal para discutir o problema causado pelo desabastecimento de combustível no Estado.
A maior parte dos produtos da RPBC são destinados à capital paulista, mas uma parcela é direcionada para Baixada Santista e regiões Norte, Nordeste e Sul, segundo dados da Petrobras.
A assessoria de imprensa do sindicato das distribuidoras de combustíveis (Sindicom) disse que a expectativa é de que as entregas de combustíveis na Paraíba sejam normalizadas na segunda-feira. Entretanto, não informou os motivos para a escassez.
PROBLEMA
A RPBC passou por uma manutenção periódica entre outubro e novembro, quando ocorreu uma greve dos petroleiros, e ainda não conseguiu retomar plenamente suas atividades por problemas operacionais, disse nesta quarta-feira o diretor Sindipetro Litoral Paulista (Sindipetro-LP) Marcelo Juvenal.
Na semana passada, a Reuters noticiou que um atraso na partida de uma unidade da RPBC após a manutenção e o aumento da demanda por combustíveis acima do esperado causaram escassez de gasolina no Nordeste do país, segundo uma fonte da Petrobras com conhecimento direto do assunto.
Na ocasião, a Petrobras confirmou que houve atrasos nas entregas de gasolina em alguns locais de Pernambuco e Paraíba, em virtude de demora na atracação de navios de cabotagem. Mas não esclareceu se o motivo seria o atraso na RPBC.
No entanto, o diretor do Sindipetro-LP afirmou que a refinaria está passando atualmente por problemas operacionais que vão além do atraso na retomada da unidade.
Atualmente, a torre de fracionamento principal, que produz nafta, gasolina e diesel, enfrenta problemas, disse ele.
Isso porque, segundo o sindicalista, a Petrobras teria decidido realizar os serviços de manutenção com equipes terceirizadas mesmo com a refinaria em greve e sem a presença de funcionários.
Além da torre de fracionamento principal, outras unidades e equipamentos da RPBC também teriam passado por problemas operacionais ao longo último mês até agora, segundo Juvenal.
"A parada de manutenção foi feita sem o devido acompanhamento (dos funcionários)", disse Juvenal à Reuters.