Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo registravam forte alta nesta segunda-feira, 3, depois que um grupo de grandes exportadores de petróleo surpreendeu o mercado ao anunciar um corte em seus níveis de produção, na tentativa de fornecer suporte a um mercado que caiu este ano devido a preocupações com uma desaceleração econômica em todo o mundo desenvolvido.
Às 12h25 de Brasília, o barril do petróleo norte-americano avançava 6%, a US$ 80,21, enquanto o de Brent se valorizava 5,85%, a US$ 84,56, no mercado futuro. Ambas as referências do petróleo chegaram a disparar 8% logo após a notícia, maior alta intradiária em quase um ano.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, entre os quais está a Rússia, grupo conhecido como Opep+, confirmou na segunda-feira que seus membros irão cortar os níveis de produção em um total de 1,16 milhão de barris por dia (mbpd) a partir de maio.
As medidas poderiam afetar significativamente o equilíbrio entre a oferta e a demanda mundiais, ao eliminar um excesso de fornecimento no curto prazo, provocado pela fraca demanda nos EUA e na Europa e por uma retomada ainda lenta da economia chinesa desde o início do ano.
"A Opep+ tem agora um poder de definição de preços maior do que no passado", declarou o Goldman Sachs (NYSE:GS) em nota aos clientes. "O corte surpresa de hoje é consistente com sua nova doutrina de agir preventivamente, porque podem fazê-lo sem grandes perdas de participação de mercado."
O Goldman elevou sua previsão para a cotação do petróleo Brent para US$ 95 o barril para dezembro deste ano, ante US$ 90 anteriormente, e para US$ 100 em dezembro de 2024, ante US$95.
Dito isso, embora o corte seja claramente altista do ponto de vista dos fundamentos, o grupo também precisará estar ciente de como a restrição de oferta será percebida, segundo os analistas do ING, em uma nota. "Essa significativa redução na oferta pode sugerir que a Opep+ está preocupada com a perspectiva de demanda no ambiente econômico atual."
No momento em que a crise bancária nos EUA mostra sinais de arrefecimento e o índice de inflação preferido do Federal Reserve apresenta sinais de desaceleração, o mercado volta a se dividir em relação à perspectiva de aumento de juros no país em maio.
Na Europa, onde a inflação básica subiu em março, atingindo um recorde histórico, o debate é menos intenso.
O vice-presidente do Banco Central Europeu, Luis de Guindos, declarou, no sábado, que as pressões de preços subjacentes permanecerão elevadas, mesmo com uma desaceleração da inflação geral, repetindo a postura do BCE de que as medidas para fazer a inflação convergir para a meta de 2% no médio prazo dependerão dos dados.
Esse provável aperto ocorre após a atividade industrial na zona do euro ter caído ainda mais no mês passado, já que o PMI final da manufatura recuou para 47,3 em março, ante 48,5 em fevereiro, abaixo da marca de 50 que separa o crescimento da contração, pelo nono mês.
Saíram notícias semelhantes em toda a Ásia nesta segunda-feira, onde o Japão e a Coreia do Sul registraram uma contração da atividade industrial em março, ao mesmo tempo em o crescimento na China se estagnou.