Por Peter Nurse
Investing.com - Os mercados de petróleo estavam em baixa na segunda-feira (20), caindo para mínimas de 1999, enquanto produtores e comerciantes lutam para encontrar lugares para armazenar o excesso de oferta devido à queda na demanda causada pelo surto de coronavírus, explicitado pelo descompasso de preço entre os contratos futuros para maio e junho.
Às 11h55 (horário de Brasília), os contratos futuros do petróleo dos EUA, na forma do contrato do WTI de junho, em que está concentrada a maior parte dos juros e volumes abertos, eram negociados em queda de 8,31%, a US$ 22,95 por barril, enquanto os players do mercado se esforçavam para sair das posições de futuros com vencimento para evitar a entrega física de cargas que eles não podem vender nem armazenar. A mínima para o contrato de junho foi de US$ 21,66 o barril, com a máxima em US$ 24,87.
Já o contrato prévio de maio para o West Texas Intermediate, índice de referência do petróleo dos EUA, que expira na terça-feira, caía para US$ 10,99 o barril, queda de 39,84%, a maior baixa intradiária em um dia desde o lançamento do contrato do WTI em março de 1983, após atingir a mínima de US$ 10,63 por barril.
O contrato internacional Brent caía 4,67%, para US$ 26,75 por barril.
O que está em questão é a grave queda na demanda global causada pelo desligamento quase universal para combater a propagação do surto de coronavírus. A indústria de petróleo vem reduzindo a produção para tentar combater um declínio estimado de 30% na demanda de combustível em todo o mundo, mas os cortes de produção da Opep e aliados, incluindo a Rússia - no valor de 9,7 milhões de barris por dia - só terão efeito a partir de maio.
Como conseqüência, os produtores têm lutado para encontrar lugares para armazenar o excesso de petróleo.
Atualmente, 160 milhões de barris de petróleo estão sendo armazenados em navios-tanque, informou a Reuters, uma quantidade recorde e acima dos 100 milhões de barris armazenados no mar durante a crise financeira de 2009.
Além disso, o volume de petróleo retido nos estoques dos EUA, especialmente no ponto de entrega de Cushing para o contrato do WTI em Oklahoma, está aumentando rapidamente em meio a estimativas de que essa unidade de armazenamento poderá estar cheia até meados de maio.
"Como a produção continua relativamente incólume, o armazenamento está se enchendo a cada dia. O mundo está usando cada vez menos petróleo e os produtores agora sentem como isso se traduz em preços", disse o chefe de mercados de petróleo da Rystad, Bjornar Tonhaugen.