Por Barani Krishnan
Investing.com - Os preços do petróleo caíam na quinta-feira (16), com o petróleo dos EUA parecendo ter perdido o suporte de US$ 20 por barril, em meio a um mar de oferta indesejada que os vendedores dizem estar ficando mais caro e mais difícil de armazenar.
A Opep, que concordou com outros produtores globais no fim de semana em cortar quase 10 milhões de barris por dia, prevê mais dor e fraca demanda de petróleo por causa da pandemia de coronavírus em seu último relatório. Foi uma previsão que afirmou o óbvio.
"No ritmo atual de crescimento de estoque, os EUA teriam cerca de duas semanas antes de bater os recordes recentes de estoques de petróleo e gasolina", disse Olivier Jakob, fundador da consultoria suíça de risco de petróleo PetroMatrix. "O destilado tem mais espaço a percorrer, e a gasolina pode ter que lutar por parte desse espaço."
O West Texas Intermediate, índice de referência para o petróleo dos EUA negociado em Nova York, caía 27 centavos de dólar, ou 1,31%, para US$ 19,60 por barril às 16h41 (horário de Brasília).
O WTI atingiu mínimas de 18 anos, de US$ 19,21, na quarta-feira, depois que a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês), com sede em Washington, registrou um salto recorde de 19,3 milhões de barris em estoques brutos na semana passada. O crescimento foi 65% superior à previsão e elevou o aumento de estoque de petróleo dos EUA para quase 50 milhões nas últimas três semanas.
Os estoques de gasolina dos EUA relatados pela AIA, no entanto, ficaram 25% abaixo do que o previsto. Isso ajudou a fazer com que os futuros da gasolina subissem e limitou a queda do WTI na sessão anterior, à medida que o "crack", ou valor de refino, para o combustível aumentou.
O Brent, índice de referência global para o petróleo negociado em Londres, reverteu a queda que tinha ao longo do dia e passou a subir 38 centavos, ou 1,37%, para US$ 28,07 por barril. O índice caiu 4,7% na sessão anterior.
Com a pressão crescente sobre o armazenamento - em meio a discussões sobre "preços abaixo de zero", em que os produtores estavam praticamente distribuindo seu petróleo gratuitamente para que fosse armazenado - o desconto no Brent e no WTI em relação aos contratos de longo prazo estava ficando fora de controle, disseram analistas.
O Brent para entrega em junho de 2021 estava em US$ 39,18, um prêmio de mais de US$ 11,80 em relação ao contrato à vista. No WTI, o contrato prévio de maio estava sendo negociado a quase US$ 15,65 a menos do que maio de 2020.
"Esse é um mundo totalmente novo, de taxas de juros e preços de energia negativos, com a situação continuando a se desenvolver", disse Pinchas Cohen, analista do Investing.com.
“Antes do Covid-19, a Opep + dominava as manchetes e o cartel era capaz de flexionar seus músculos do preço do petróleo. Agora, eles estão brigando com a Organização Mundial da Saúde, Donald Trump e a curva do coronavírus em vários países pelo domínio diário das notícias - sendo que todos tópicos podem impactar o preço do petróleo, em qualquer direção.”
A Opep disse que a demanda mundial por petróleo deverá cair 6,8 milhões de barris por dia neste ano. O grupo também disse que a demanda em abril cairá para 20 milhões de barris por dia, cerca de um quinto da demanda anterior.
Um dia antes, a Agência Internacional de Energia com sede em Paris projetou que a demanda por petróleo em abril cairá 29 milhões de barris por dia, o que equivale a aproximadamente 29% da demanda diária de petróleo de 100 milhões de barris do mundo.
"O mercado de petróleo está atualmente passando por um choque histórico abrupto, extremo e em escala global", escreveu a Opep no relatório.
Igor Windisch, do IBW Daily Oil Brief, concordou.
"Não vejo notícias que possam mudar a tendência de queda do mercado", escreveu ele. "É tão simples quanto isso."