Por Barani Krishnan
Investing.com -- Os mercados de petróleo chegaram a perder US$ 8 por barril entre a máxima e a mínima de quarta-feira, a segunda vez em cinco pregões que apresentam tamanha oscilação, enquanto o plano do presidente Joe Biden para suspender a cobrança de impostos federais sobre a gasolina (no que tem sido apelidado de “feriado fiscal”), em conjunto com outras medidas para frear a disparada dos preços dos combustíveis, travaram as tentativas dos touros de manterem o petróleo bruto acima de US$ 120.
O petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preço nos EUA, apresentava queda de 3,36%, a US$ 105,84 por barril às 16h20.
O petróleo Brent, negociado em Londres e referência global de preços, recuava 2,90%, para US$ 111,32.
Na mínima do pregão, o WTI registrou US$ 101,58, contra a máxima do dia de US$ 109,58. O Brent esteve a US$ 107,06, contra a máxima do dia de US$ 116,25.
A volatilidade de quarta-feira foi alimentada pela incerteza sobre as ações do governo, incluindo regulatórias, que poderiam ser dirigidas às refinarias e produtores de petróleo, com os preços dos combustíveis pairando ligeiramente abaixo do recorde de US$ 5 por galão.
Os touros do petróleo estão tentando deixar para trás o pior selloff em dois meses, que fez o WTI cair 9% e o Brent perder 8% na semana passada entre temores de uma recessão nos EUA, o que poderia abocanhar a demanda por petróleo.
"A volatilidade do petróleo continuará elevada agora que surgem opiniões opostas sobre onde os preços irão terminar o ano", afirmou Ed Moya, analista da plataforma de negociação online OANDA. "Os preços do petróleo estão sob pressão, na medida em que os temores de uma recessão global aceleraram a defesa da destruição da demanda. As preocupações com a inflação e o crescimento não irão melhorar tão cedo, o que faz com que todos os motores de curto prazo se tornem negativos para as perspectivas da demanda por petróleo".
Moya destacou que o chefe de previsões de commodities do Citigroup (NYSE:C), Ed Morse, apostou num petróleo a US$ 80 no quarto trimestre, mesmo quando Jeff Currie, do Goldman Sachs (NYSE:GS), se agarrava à sua projeção de um superciclo nos preços da commodity.
Espera-se que Biden peça ao Congresso dos EUA que avalie uma suspensão de três meses da cobrança de 18,4 centavos de dólar por galão em impostos federais sobre a gasolina, além de pedir aos estados que suspendam os seus impostos sobre combustíveis, segundo um alto funcionário do governo.
Embora os preços mais baixos nas bombas possam, efetivamente, incrementar a procura por combustíveis e sustentar os preços do petróleo, o analista da PVM, Stephen Brennock, disse, em comentários publicados pela Reuters, que os traders estavam preocupados com o fato de que o governo venha a tomar outras medidas para frear a alta dos preços de energia.
Isso poderia incluir o fechamento de uma lacuna, chamada Footnote (Nota de Rodapé) 563 dentro das diretrizes de negociação da Commodity Futures Trading Commission (Comissão de Negociação de Futuros de Commodities, ou CFTC), a qual foi apontada para o governo Biden, como afirmou uma reportagem investigativa da TYT Network na semana passada.
É principalmente a Footnote 563 que permite que as maiores firmas financeiras de Wall Street sobrecarreguem uma precificação saudável com volumes maciços de swaps baseados em commodities— que são, basicamente, apostas nos preços dos produtos.
Os participantes do mercado também estavam atentos aos dados semanais do inventário de petróleo dos EUA, com a divulgação por parte do American Petroleum Institute (API) prevista para após o fechamento do mercado .
O API divulgará em torno das 17:30h um retrato dos fechamentos do balanço dos estoques de petróleo, gasolina e destilados dos EUA para a semana encerrada em 17 de junho. Os números servem como uma prévia dos dados oficiais de inventário publicados pela Energy Information Administration dos EUA, que devem sair na quinta-feira.
Para a semana passada, os analistas acompanhados pelo Investing.com esperam que a EIA informe uma queda dos estoques de petróleo bruto de 569.000 barris, em contraste com o aumento de 1,96 milhão de barris anunciado durante a semana finda em 10 de junho.
Em relação aos inventários de gasolina, o consenso é de consumo de 452.000 barris, contra os 710.000 barris consumidos na semana anterior.
Com os estoques de destilados, a expectativa é de uma alta de 328.000 barris, em contraste com o acúmulo da semana anterior de 725.000 barris.