Por Sarah Marsh e Andreas Rinke
BERLIM (Reuters) - A linha dura do governo alemão com a Rússia sobre a guerra na Ucrânia está sob pressão interna em meio a crescentes preocupações com os preços em alta da energia e a possível escassez de gás na maior economia da Europa quando o inverno chegar.
Até agora, todos os principais partidos, desde os social-democratas, de esquerda, do chanceler Olaf Scholz e seus parceiros de coalizão, os Verdes e Democratas Livres, até os conservadores da oposição, apoiaram as duras sanções ocidentais impostas à Rússia depois que ela invadiu sua vizinha.
Nas últimas semanas, porém, alguns líderes conservadores expressaram ceticismo sobre a estratégia do Ocidente. E, embora as pesquisas de opinião mostrem que mais de dois terços dos alemães ainda apoiam as sanções, cerca da metade acha que elas estão prejudicando mais a Alemanha do que a Rússia.
Cerca de metade dos lares alemães depende do gás para aquecimento, enquanto o gás também representa um terço da energia da indústria. Nos últimos anos, metade desse gás veio da Rússia.
Mas as entregas da Rússia diminuíram nas últimas semanas devido ao que Moscou está chamando de problemas de manutenção e Berlim diz que se trata do uso da energia como arma, levando a União Europeia a concordar esta semana com um plano de emergência para conter a demanda.
A Alemanha registrou seu primeiro déficit comercial mensal desde 1991 em maio, em parte devido à inflação em torno de 8%.
"Todo o nosso sistema econômico corre o risco de entrar em colapso", disse Michael Kretschmer, líder conservador da região da Saxônia, ao jornal Die Zeit, em entrevista publicada nesta quinta-feira.
"Se percebermos que não podemos, por enquanto, desistir do gás russo, então é amargo, mas é a realidade, e precisamos agir de acordo."