Por Pavel Polityuk e Daren Butler
KIEV/ISTAMBUL (Reuters) - O navio Brave Commander deixou o porto ucraniano de Pivdennyi transportando a primeira carga de ajuda alimentar humanitária da Ucrânia com destino à África desde a invasão da Rússia, mostraram dados do Refinitiv Eikon nesta terça-feira.
As exportações de grãos da Ucrânia caíram desde o início da guerra por causa do fechamento de seus portos no Mar Negro, elevando os preços globais dos alimentos e provocando temores de escassez na África e no Oriente Médio.
Moscou chama sua ação na Ucrânia de "operação militar especial".
Três portos do Mar Negro foram desbloqueados no mês passado sob um acordo entre Moscou e Kiev, intermediado pelas Nações Unidas e a Turquia, possibilitando o envio de centenas de milhares de toneladas de grãos ucranianos aos compradores.
O Brave Commander, carregando 23.000 toneladas de trigo, partiu para Djibuti com suprimentos destinados a consumidores na Etiópia, disse o ministério de infraestrutura da Ucrânia.
"O ministério e as Nações Unidas estão trabalhando em maneiras de aumentar o suprimento de alimentos para os setores socialmente vulneráveis da população africana", afirmou em comunicado.
O diretor executivo do Programa Mundial de Alimentos (PAM), David Beasley, disse que o passo mais importante no combate à fome globalmente é a abertura dos portos do Mar Negro da Ucrânia.
"Será necessário mais do que navios de grãos da Ucrânia para acabar com a fome no mundo, mas com os grãos ucranianos de volta aos mercados globais, temos a chance de impedir que essa crise alimentar global se aprofunde ainda mais", disse ele em comunicado.
Apesar dos desenvolvimentos, o mundo ainda enfrenta uma crise alimentar sem precedentes, disse o PMA, acrescentando que até 50 milhões de pessoas em 45 países estão à beira da fome.
A Ucrânia pode exportar 3 milhões de toneladas de grãos de seus portos em setembro e, no futuro, embarcar 4 milhões de toneladas por mês, disse o vice-ministro da Infraestrutura, Yuriy Vaskov.
(Por Daren Butler em Istambul e Pavel Polityuk em Kiev; reportagem adicional de Andrea Shalal em Kiev)