OSLO (Reuters) - A Noruega disse estar alarmada com a o crescimento do desmatamento da Amazônia e preocupada com o futuro de um fundo de proteção da floresta para o qual doou 1,2 bilhão de dólares ao longo da última década.
O desmatamento da parte brasileira da Amazônia cresceu mais de 88% em junho quando comparado com o mesmo mês do ano anterior, o segundo mês consecutivo de destruição crescente da floresta no governo do presidente Jair Bolsonaro.
"Estamos preocupados com os acontecimentos recentes no Brasil e com os relatos do aumento do desmatamento na Amazônia", disse o Ministério do Clima e do Meio Ambiente norueguês na noite de quinta-feira.
O país nórdico fez a maior parte das contribuições ao Fundo Amazônia. A Alemanha doou 68 milhões de dólares, e outros 100 milhões de dólares foram prometidos por doadores que fazem contribuições com base no retrospecto do Brasil.
"O objetivo da Noruega é manter a parceria, mas percebemos que o encerramento do fundo também é um desfecho possível", acrescentou o ministério, ressaltando as metas de redução de emissões do Brasil em consonância com o acordo climático de Paris.
O Brasil abriga 60% da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, que é vital como contraposição ao aquecimento global.
Os embaixadores da Noruega e da Alemanha se reuniram com o ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, na quarta-feira, para conversar sobre o Fundo Amazônia, informou o comunicado.
Ambientalistas dizem que os comentários contundentes de Bolsonaro pedindo o desenvolvimento da Amazônia e criticando o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por aplicar multas demais estimulam madeireiros e fazendeiros que procuram lucrar com o desmatamento.
Salles disse que o Brasil reformulará as regras de seleção de projetos apoiados pelo Fundo Amazônia por ter descoberto irregularidades nos gastos.
"Do ponto de vista da Noruega, o Fundo Amazônia funcionou bem até agora", disse o comunicado do Ministério do Meio Ambiente.
"Seria um revés se o fundo, que é uma inspiração importante para outros países com florestas tropicais, fosse encerrado. Entrar em uma forma de cooperação com o Brasil que enfraquece o fundamento de nossa parceria não é uma opção".
(Por Gwladys Fouche)