Produção de açúcar do CS sobe 55,8% na 1ª quinzena; vendas de etanol caem menos

Publicado 26.05.2020, 14:05
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PETR4
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SÃO PAULO (Reuters) - A moagem de cana-de-açúcar do centro-sul totalizou 42,46 milhões de toneladas na primeira quinzena de maio, aumento de 8,76% ante mesmo período do ciclo anterior, com o setor aproveitando os preços mais vantajosos do açúcar para destinar mais matéria-prima ao adoçante, cuja produção no período aumentou mais de 55%, informou a Unica, entidade que representa o setor.

A fabricação de açúcar do centro-sul, região que responde pela maior parte da produção brasileira, atingiu 2,50 milhões de toneladas, enquanto o total produzido de etanol foi de 1,82 bilhão de litros na primeira quinzena.

Do total, a fabricação do biocombustível se dividiu em 503,95 milhões de litros de anidro (misturado à gasolina), com queda de 10% na comparação anual, e 1,32 bilhão de litros de etanol hidratado (+5,37%).

As vendas de etanol pelas unidades produtoras do centro-sul somaram 1,05 bilhão de litros, com retração de 22% no comparativo com o mesmo período do ano passado, devido ao impacto das medidas de isolamento para combater o coronavírus, disse a Unica, que apontou uma queda menor ante a vista em abril (-30%).

Para o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, "a retração nas vendas de etanol hidratado só não foi maior devido a elevada competitividade do biocombustível no mercado nacional".

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) citados pela Unica, na última semana apenas 17 municípios da amostra apurada nos Estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Goiás apresentaram paridade de preço com a gasolina acima de 70%, quando vale a pena abastecer com o combustível fóssil.

Os valores indicam que, em média, o preço relativo do etanol hidratado em relação à gasolina alcançou 62,6% no Mato Grosso, 63,4% em São Paulo, 65,9% em Minas Gerais e 66,5% em Goiás, disse a Unica, ressaltando a competitividade do renovável.

Ainda assim, em função das ações contra o coronavírus, as vendas de etanol pelas empresas do centro-sul acumularam retração de 26,28% desde o início da safra 2020/2021 até 16 de maio, somando 2,85 bilhões de litros, com 110,71 milhões de litros foram destinados à exportação.

MELHORA DAS VENDAS

As vendas gerais de combustíveis no Brasil parecem estar se recuperando, com base na taxa de utilização das refinarias da Petrobras (SA:PETR4), disse uma fonte da empresa à Reuters, comentando números divulgados pelo Ministério de Minas e Energia na véspera.

No geral, a carga global de refino vem mantendo trajetória de alta desde o dia 15 de abril, atingindo 73,6% no domingo, segundo o ministério, "mantendo a aproximação dos patamares de processamento que vinham sendo realizados antes do início da crise causada pelo Covid-19 no Brasil".

O aumento no nível de utilização das refinarias da Petrobras reflete uma retomada na demanda interna por diesel e gasolina, acompanhada de um menor volume de importações diante das incertezas sobre o preço global de petróleo, segundo a fonte, que falou na condição de anonimato.

"O mercado está se abrindo. Há um aumento na demanda de bunker (combustível para navio), mas o maior uso do refino se dá principalmente por aumentos de diesel e gasolina", disse a fonte.

"É um bom sinal inicial, não sabemos se é uma retomada consolidada até porque pode ter mais gente usando carro para manter isolamento (evitando transporte coletivo)", acrescentou a fonte.

NÃO CARBURANTE

No mercado interno, a Unica chamou a atenção para o crescimento acumulado nas vendas de etanol para fins não carburantes.

O volume para outras finalidades atingiu 174,49 milhões de litros até 16 de maio deste ano, registrando crescimento de 87,17% na comparação com a quantidade vendida em igual período da última safra.

Para Padua, "esse aumento reitera a importância da preservação das atividades desta indústria diante da maior demanda por álcool para desinfecção e assepsia".

Apesar do crescimento, disse a Unica, o volume de produto para uso não carburante representou apenas 6% da comercialização das usinas, não permitindo, portanto, qualquer compensação na queda das vendas de etanol combustível.

O diretor da Unica disse ainda que o incremento de 2,5 milhões de toneladas na produção de açúcar observada até o momento na safra 2020/21 do centro-sul, para 5,5 milhões de toneladas, reflete a tendência de uma safra açucareira devido à pior remuneração do biocombustível em relação ao adoçante e ao avanço da colheita em função das condições climáticas favoráveis.

"Essa produção também retrata a maior procura pelo açúcar brasileiro no início desta safra", concluiu o executivo, acrescentando que os dados de vendas pelas usinas do centro-sul mostram que a quantidade comercializada cresceu nas três primeiras quinzenas da safra 2020/2021.

"As vendas acumuladas no mercado interno atingiram 975,47 mil toneladas, com crescimento de 4,14%, enquanto a quantidade exportada pelas empresas, por sua vez, alcançou 2,38 milhões de toneladas, com alta de 48,88% na comparação com o registrado em 16 de maio do último ano.

Para maio, há a expectativa de que as exportações de açúcar do Brasil atingem um volume mensal recorde.

(Por Roberto Samora em São Paulo, Rodrigo Viga Gaier no Rio de Janeiro e Marcelo Teixeira em Nova York)

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