Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) -O aumento de preços dos alimentos tem beneficiado as empresas de carne do Brasil, à medida que barreiras comerciais estão sendo levantadas e os fornecedores domésticos continuam tendo acesso a grãos usados como ração animal, disse nesta quinta-feira a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
O presidente da entidade, Ricardo Santin, comemorou a recente autorização do Canadá para compra de carne suína do Brasil, e acrescentou que o país poderia vender mais tipos de cortes suínos para Coreia do Sul, Japão e Chile quando forem concluídas as negociações para remover certas barreiras sanitárias que ainda travam a ampliação dos negócios.
"Muitos grandes fornecedores globais (de carne) não têm certeza de onde obterão grãos e a que preços", afirmou Santin, em referência aos efeitos da guerra na Ucrânia, que atrapalhou o comércio mundial de grãos e o fornecimento de gás natural da Rússia para a Europa.
Santin disse que processadores de carne brasileiros como BRF (BVMF:BRFS3) e JBS (BVMF:JBSS3) podem aumentar a oferta e exportar mais carne para o Oriente Médio e Ásia.
Ele destacou que, embora a China tenha comprado menos carne suína no geral em 2022, o país continuará importando cerca de 3 milhões de toneladas por ano --mais do que o dobro do que era adquirido antes do surto de peste suína africana, em 2018.
A produção brasileira de carne de frango deve atingir entre 14,35 milhões e 14,50 milhões de toneladas em 2022, ante 14,33 milhões registradas no ano passado, segundo projeções da ABPA.
Para o ano que vem, a produção da proteína poderá crescer até 4,5%, de acordo com a entidade, o que significa que poderá chegar a 15 milhões de toneladas em 2023.
O Brasil, maior fornecedor de carne de frango do mundo, envia cerca de um terço da produção para o exterior, lembrou Santin. Os embarques das processadoras brasileiras devem alcançar entre 4,7 milhões e 4,9 milhões de toneladas este ano, contra 4,61 milhões em 2021, mostraram os dados.
Para a carne suína, as empresas brasileiras devem aumentar a produção em até 5% este ano e em até 3% no próximo.
Se confirmadas as projeções mais otimistas, a produção brasileira de carne suína seria de 5,1 milhões de toneladas em 2023. O Brasil responde por quase 11% do comércio global da proteína.
(Por Ana Mano, com reportagem adicional de Letícia Fucuchima)