SÃO PAULO (Reuters) - A quebra de safra 2022/23 de soja da Argentina limitou nesta semana o recuo nos preços do Brasil, que vinham pressionados pelo avanço de uma colheita brasileira recorde, de acordo com avaliação publicada nesta sexta-feira pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
"Enquanto a safra brasileira segue em bom ritmo e caminha para produção recorde, na Argentina o início da colheita fez com que as estimativas fossem novamente reajustadas para baixo. Esse contexto na Argentina acabou elevando os preços do complexo soja nos Estados Unidos e limitando o movimento de baixa no Brasil nesta semana", apontou o Cepea.
De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a produção de soja na Argentina está estimada em 25 milhões de toneladas, 44,4% abaixo da média das últimas cinco safras. A colheita foi iniciada nas regiões de Junín, Baigorrita, Centro Leste de Entre Ríos, no sul de Córdoba e La Carlota.
"Assim, a necessidade de a própria Argentina importar o grão para processamento interno deve aumentar, ao mesmo tempo em que demandantes externos de farelo e de óleo tendem se direcionar ao Brasil e aos Estados Unidos", destacou a análise.
O Brasil deverá fornecer até metade da soja que a Argentina importará para manter operações de seu parque industrial em atividade, disseram especialistas à Reuters, nesta semana.
Diante da alta externa, a liquidez no mercado brasileiro ganhou ritmo nesta semana, e as quedas mais acentuadas nos preços foram interrompidas.
Ainda assim, de 23 a 30 de março, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa - Paranaguá (PR) recuou 0,7%, passando para 153,06 reais/saca de 60 kg na quinta.
Já considerando a comparação entre as médias de fevereiro e março, a queda foi de 5,9%, sendo a atual a menor desde junho/20, em termos reais (com base no IGP-DI de fevereiro/2223).
(Por Roberto Samora)