SÃO PAULO (Reuters) - A colheita de soja do Rio Grande do Sul atingiu praticamente metade da área semeada no Estado com o avanço dos trabalhos na última semana, enquanto produtores temem que mais chuvas previstas possam afetar a cultura, avaliou em relatório nesta quinta-feira a Emater.
A extensão da área colhida aumentou de 38% para 49% do total cultivado, com o segundo Estado produtor de soja do Brasil na temporada 2023/24 (atrás do Mato Grosso), mais adiantado do que no mesmo período do ano passado (46%), segundo dados da empresa de assistência técnica ligada ao governo gaúcho.
"A decisão de acelerar a colheita foi motivada pelas projeções de aumento nos índices pluviométricos para os períodos seguintes. A colheita avançou de forma mais expressiva nas regiões norte e oeste do Estado, onde foram colhidos 70%; já no Sul e Leste, a taxa média atinge 30%", disse a Emater.
Na última semana, o Estado já recebeu grandes volumes de chuva. Algumas áreas receberam mais de 100 mm em um dia.
O Rio Grande do Sul é um dos Estados que planta e colhe mais tarde a oleaginosa no Brasil, enquanto os trabalhos já estão sendo finalizados em outras regiões.
A "recorrência" das precipitações representa o principal desafio em relação às áreas de cultivo remanescentes, pois há risco de impacto negativo na produtividade, destacou a empresa.
Caso o excesso de umidade se prolongue, os grãos nos campos ficarão suscetíveis a perdas pós-maturação, pelo apodrecimento, infestação fúngica, germinação prematura e debulha causada pela oscilação entre a secagem e o umedecimento das vagens.
Além disso, o tempo chuvoso também dificulta a logística para o transporte dos grãos até os pontos de armazenamento e comercialização, "dada as precárias condições de tráfego nas estradas secundárias", comentou a Emater.
O boletim indicou que os volumes de chuva mais expressivos para os próximos dias são esperados para o Norte do Estado, entre 20 e 100 mm. Na Fronteira Oeste e Campanha, os acumulados esperados deverão ficar entre 5 e 50 mm. No Litoral e Sul, os volumes deverão ser inferiores, chegando a 10 mm.
(Por Roberto Samora)