Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda, no menor patamar em quase um ano e abaixo de 3,35 reais nesta quinta-feira, com investidores apostando na permanência do Reino Unido na União Europeia (UE) no dia do referendo que decidirá a questão, aliviando temores de eventuais impactos negativos na economia global que a saída do bloco causaria.
O dólar recuou 0,99 por cento, a 3,3445 reais na venda, menor nível de fechamento desde 29 de julho passado (3,3293 reais). A moeda norte-americana chegou a 3,3391 reais na mínima da sessão.
O dólar futuro caía cerca de 1 por cento no final da tarde.
"Por enquanto, os mercados parecem precificar maior probabilidade de manutenção do status-quo (no Reino Unido)", escreveram analistas da corretora Guide Investimentos em relatório.
As seções de votação abriram às 6:00 e fecharão às 21:00 (18:00 no horário de Brasília), e os resultados devem ser anunciados na madrugada de sexta-feira.
Pesquisas de opinião recentes vêm mostrando crescente vantagem do voto pela permanência no bloco. Mercados de apostas indicam chances ainda maiores de o Reino Unido continuar como membro da UE.
"O dólar perdeu força entre todas as moedas hoje, o real seguiu a tendência", disse o operador da corretora Ativa Arlindo Sá.
A moeda norte-americana recuou frente aos pesos chileno e mexicano pela quinta sessão consecutiva. Neste pregão, a libra esterlina subia cerca de 1 por cento sobre o dólar.
No Brasil, investidores continuaram testando a disposição do Banco Central de atuar no mercado, embora a autoridade monetária tenha mantido a postura discreta.
Mesmo após o tombo recente da moeda norte-americana, que tende a prejudicar as exportações, o BC realizou nesta tarde leilão de venda de até 4,4 bilhões de dólares com compromisso de recompra em operação para rolar contratos já existentes --e que, portanto, não altera as condições de liquidez do mercado.
"Algumas pessoas no mercado entenderam isso como uma sinalização de que os movimentos do câmbio estão corretos, mas só vamos saber com certeza quando essa questão do referendo (britânico) ficar para trás", disse o operador de uma corretora internacional.
No cenário político, investidores repercutiram positivamente a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo, que ocupou cargos do primeiro escalão nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Aos olhos de operadores, a operação reduziu as chances de Dilma sobreviver ao processo de impeachment ou de Lula voltar ao poder.