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Rússia perde espaço para Canadá e EUA no fornecimento de fertilizantes ao Brasil

Publicado 14.10.2022, 16:03
© Reuters. FOTO DE ARQUIVO: Um agricultor dirige um trator espalhando fertilizante em um campo de soja, perto de Brasília, Brasil 15 de fevereiro de 2022.REUTERS/Adriano Machado/Foto de arquivo
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Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) - No ano de 2022, marcado pela guerra na Ucrânia, a Rússia conseguiu se manter como maior fornecedora de fertilizantes ao Brasil, mas perdeu participação neste mercado para exportadores de adubos do Canadá e Estados Unidos, mostraram dados do Itaú BBA nesta sexta-feira.

O Brasil importa cerca de 85% de sua necessidade de fertilizantes. Na outra ponta, Rússia e seu aliado na guerra, Belarus, importantes fornecedores mundiais, reduziram seus percentuais de entregas do produto aos brasileiros no acumulado do ano até setembro, no momento em que enfrentam sanções ocidentais.

Nos nove primeiros meses de 2022, o Brasil adquiriu 27,88 milhões de toneladas de adubos no mercado internacional, contra 26,86 milhões no mesmo período do ano passado, informou o Itaú (BVMF:ITUB4) com base em dados do governo federal.

Do total, a Rússia foi origem de 23% das importações. Entre janeiro e setembro de 2021, porém, os russos eram responsáveis por uma fatia de 25%.

Em contrapartida, o Canadá elevou sua participação de 11% para 14% no comparativo anual, se igualando à China, que também forneceu 14% dos fertilizantes comprados pelos brasileiros no acumulado deste ano.

Marrocos, que no ano passado representava 8% do fornecimento do setor ao Brasil, caiu para 6%.

Além disso, Belarus perdeu seu lugar na lista de principais exportadores ao Brasil em 2021 (7%) para os Estados Unidos, que estavam fora do ranking de destaque até o ano passado e agora figuram com 6%, mostraram os dados compilados pelo banco.

"Os principais países exportadores de adubos para o Brasil até o fim do nono mês de 2022 foram Rússia, Canadá e China, sendo que o Canadá aumentou a representatividade em volume comparado com o acumulado até setembro de 2021", disse o Itaú BBA na análise.

No início de março, logo após a eclosão da guerra na Ucrânia, a então ministra da Agricultura do Brasil Tereza Cristina viajou ao Canadá e realizou encontros com o objetivo de expandir a oferta de adubos produzidos por companhias como a Brazil Potash.

Os fertilizantes russos continuaram chegando mesmo após o início das sanções ocidentais desencadeadas pelo conflito.

Houve um trabalho diplomático realizado pelo governo brasileiro junto ao país do leste europeu pela garantia do insumo, que contou com uma missão do presidente Jair Bolsonaro, mas que não impediu o recuo nas compras do produto da Rússia pela indústria nacional --que precisou lidar durante meses com preços elevados.

Os altos custos levaram a associação de adubos Anda a estimar para 2022 uma queda entre 5% e 7% para as entregas domésticas do produto.

"Se considerarmos o volume de importação realizado até setembro de 2022, para alcançarmos um montante de entregas ao mercado 5% menor em relação registrado no ano de 2021, as compras externas até o final de 2022 terão que atingir 9,3 milhões de toneladas", projetou o Itaú BBA sobre o volume de importação que ainda deve ocorrer neste último trimestre.

© Reuters. FOTO DE ARQUIVO: Um agricultor dirige um trator espalhando fertilizante em um campo de soja, perto de Brasília, Brasil 15 de fevereiro de 2022.REUTERS/Adriano Machado/Foto de arquivo

O recente recuo nos preços dos fertilizantes favorece a relação de troca para o agricultor e é um fator positivo para que as importações continuem nos próximos meses.

No caso do cloreto de potássio (KCl), o Itaú BBA calcula que são necessárias 21,5 sacas de soja para aquisição de uma tonelada do insumo, relação abaixo da registrada no mesmo período do ano passado, que ficava próxima de 28 sacas, mas acima da média histórica.

 

(Reportagem de Nayara Figueiredo)

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