Por Gustavo Bonato
SÃO PAULO (Reuters) - A safra de soja do Brasil deverá alcançar um recorde de 104,7 milhões de toneladas na temporada 2016/17, que está sendo colhida, com clima favorável na maior parte das regiões, apontou nesta quarta-feira uma pesquisa da Reuters.
O levantamento, com 19 fontes, incluindo consultorias locais e importantes entidades do setor, representa uma alta de 9,7 por cento ante a colheita de 2015/16, que teve produtividades prejudicadas por chuvas irregulares.
A pequisa divulgada no início de janeiro apontava uma previsão média de 103,5 milhões de toneladas para a temporada.
"Acredito que a safra está bem consolidada acima de 103 milhões", disse o sócio da consultoria MD Commodities, antiga AGR Brasil, Pedro Dejneka.
A Agroconsult, que elevou nesta quarta-feira sua previsão de safra para 105,3 milhões de toneladas, disse que as perspectivas são de uma alta nas previsões, devido ao bom desenvolvimento das lavouras até o momento.
Técnicos da empresa percorreram o Centro-Oeste e o Paraná nas últimas semanas, como parte da expedição técnica Rally da Safra, e relataram boas produtividades.
"As amostras e visitas confirmam o bom potencial produtivo da safra e os produtores estão muito otimistas com as primeiras áreas colhidas", disse o analista da Agroconsult Valmir Assarice, em nota.
A consultoria Lanworth, que integra a Thomson Reuters, também realizou análises de campo ao longo de janeiro, tendo registrado boas produtividades em Mato Grosso.
"As duas primeiras semanas de janeiro levaram tempo seco... para o Centro-Oeste, facilitando a colheita da soja de ciclo curto em Mato Grosso... Desde então, as chuvas excederam as médias históricas para esta época do ano, atrasando esforços de colheita, mas favorecendo as sojas de ciclo longo e as plantadas mais tarde na temporada", disse o analista sênior da Lanworth, Jose Clavijo, em relatório.
Segundo levantamento da AgRural, a colheita até o fim da semana passada alcançava 10 por cento da área plantada no país, mesmo índice registrado em igual período da temporada 2015/16. Atrasos na colheita do Paraná vinham sendo compensados pelo forte ritmo dos trabalhos em Mato Grosso, segundo a consultoria.
OUTROS ESTADOS
As atenções de analistas e agricultores voltam-se agora para o desenvolvimento das lavouras em regiões que têm um calendário de cultivo mais tardio, como o Rio Grande do Sul e o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e oeste da Bahia).
"Se a safra vai ser 103, 104, 105, 106 ou 107 milhões, vai depender do clima nos próximos 30 a 45 dias. Lembrando que o sul do país começa a colher somente agora", lembrou Dejneka.
A Agroconsult afirmou que bons volumes de chuvas no Matopiba, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina durante o mês de fevereiro serão essenciais para confirmar as projeções.
Contudo, com o clima em um cenário de La Niña fraco ou de neutralidade, em oposição a um El Niño forte no ano passado --que afetou a safra em importantes regiões em 2015/16-- problemas relevantes tornam-se cada vez menos prováveis.
"Os menores potenciais produtivos estão na região do Matopiba novamente. Mas mesmo lá, as chuvas agora estão normais e eles vão colher uma safra bem razoável, muito melhor que o desastre do ano passado", projetou o analista Flávio França Junior, da França Junior Consultoria.