Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O forte calor e as chuvas irregulares em Mato Grosso deverão resultar em uma quebra de 20% na produção de soja do maior Estado produtor da oleaginosa no país na temporada 2023/24, estimou nesta terça-feira pesquisa feita pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT).
Se for confirmado este número, seria a pior quebra da história de um ano para o outro em Mato Grosso, que geralmente não costuma sofrer com intempéries tão acentuadas.
"No comparativo da safra anterior para a safra atual, com certeza é a pior quebra sim", disse o diretor-administrativo da Aprosoja-MT, Nathan Belusso, à Reuters.
O levantamento aponta que os sojicultores de Mato Grosso devem colher 36,15 milhões de toneladas em 2023/24, 9,16 milhões a menos que na safra anterior.
As perdas estimadas na produtividade, também em torno de 20%, superariam a maior quebra já registrada no Estado, na temporada 2015/16, quando o rendimento por hectare caiu pouco mais de 8% ante a temporada anterior, conforme números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A produtividade deve cair de 62,30 sacas por hectare para 49,68 sacas/ha, nas propriedades pesquisadas.
O levantamento da Aprosoja-MT foi realizado com mais de 600 associados, abrangendo uma área de 862 mil hectares, ou 7,10% de toda área de soja do Estado.
Belusso destacou que as produtividades em 2023/24 devem cair de patamares nunca vistos no Estado, uma vez que na temporada anterior foram registrados números recordes.
"Saiu de uma safra extremamente positiva, médias altíssimas, nunca vistas antes, para um ano como este extremamente seco onde as lavouras não se desenvolveram, em muitas regiões as perdas vão superar a casa de 50%", disse ele, considerando que a pesquisa trouxe resultados "bem conservadores".
O diretor da Aprosoja-MT disse que, caso não chova nas próximas semanas ou dias, muitas lavouras que estão entrando em enchimento de grãos e floração vão sofre perdas "irreparáveis".
A expectativa, contudo, é de uma melhora no clima, segundo a previsão meteorológica.
Nesta terça-feira, os contratos futuros da soja em Chicago inverteram direção e fecharam em queda, com as previsões meteorológicas indicando chuva nas regiões produtoras da commodity no Brasil para os próximos dias, após um período de seca.
Segundo a associação, o cenário de seca também provocou o atraso no plantio da oleaginosa e comprometeu a janela de semeadura do milho segunda safra, "que deve ter área reduzida em 24,59%".
(Com reportagem adicional de Ana Mano)