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Safra menor de cana reduzirá produção de açúcar do centro-sul, diz Unica

Publicado 26.04.2017, 13:29
© Reuters. Plantação de cana-de-açúcar
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SÃO PAULO (Reuters) - A produção de açúcar do centro-sul do Brasil, maior região produtora do planeta, cairá 1,2 por cento na nova temporada 2017/18 que está começando, após um recorde em 2016/17, estimou nesta quarta-feira a associação que representa as usinas.

A produção de açúcar da região foi estimada pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) em 35,2 milhões de toneladas, ainda a segunda maior da história, num ciclo em que a oferta de cana para moagem terá uma queda mais acentuada por menores área e produtividade.

A Unica, em sua primeira projeção para 2017/18, disse que o percentual de cana destinada ao açúcar nesta temporada será maior que no ano passado, mas isso não deverá compensar uma queda de 3,65 por cento na moagem.

"Esse cenário (de queda na produção de açúcar) fundamenta-se na expectativa de que a menor quantidade de matéria-prima deva limitar a expansão da produção de açúcar, mesmo com o aumento observado na capacidade instalada de cristalização no centro-sul", disse a Unica.

Na véspera, a renomada consultoria F.O. Licht estimou que o centro-sul do Brasil irá elevar em 300 mil toneladas sua produção de açúcar em 2017/18, o que seria uma pequena contribuição para uma expansão de quase 13 milhões de toneladas na produção global prevista para a temporada.

Apesar de uma queda na produção de açúcar em números absolutos, a Unica evidenciou que as usinas estão mais propensas a produzir açúcar, mais rentável, em detrimento do etanol.

A proporção de matéria-prima destinada ao adoçante irá subir para 47 por cento em 2017/18, ante 46,3 por cento em 2016/17.

Já a projeção para a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana é de 134,40 kg na safra 2017/2018, contra 133,03 kg verificados no ciclo anterior.

CANA

A moagem de cana do centro-sul do Brasil deverá cair para 585 milhões de toneladas, estimou a Unica, ante 607,1 milhões em 2016/17 e um recorde de 617,7 milhões em 2015/16

A entidade citou uma menor área colhida e o envelhecimento dos canaviais.

"Os dados apurados... apontam para uma redução de aproximadamente 1,5 por cento na área disponível para colheita em 2017/18. Esse recuo decorre da estagnação da área cultivada e da maior renovação do canavial com plantio de 18 meses", disse a entidade, em seu relatório.

A Unica salientou ainda que deverá haver uma queda de aproximadamente 2 por cento na produtividade agrícola na comparação com o último ano, que alcançou 76,64 toneladas de cana por hectare.

A explicação para a perda de rendimento na colheita está na menor renovação das plantações, e um consequente envelhecimento das lavouras.

Além disso, a safra atual terá menor oferta da chamada cana bisada, que sobra de um ano para o outro.

A cana bisada representou cerca de 8 por cento de toda a colheita de 2016/17, e essas áreas tiveram um rendimento bastante superior à média. Já em 2017/18 a cana bisada não deverá representar mais que 1 por cento de toda a colheita.

A entidade ressaltou, contudo, que o efeito do envelhecimento da lavoura e da menor proporção de cana bisada deve ser atenuado pelas melhores condições climáticas observadas até o momento em diversas regiões canavieiras e pela retomada dos tratos culturais em níveis satisfatórios ao longo do último ano.

ETANOL

Neste cenário de menor oferta de matéria-prima e de menor atratividade econômica, a produção total de etanol deverá recuar 3,7 por cento, para 24,7 bilhões de litros, segundo estimativas da Unica.

A produção de etanol hidratado, que compete com a gasolina como opção para donos de veículos flex no Brasil, deverá ser a mais impactada, principalmente após a Petrobras (SA:PETR4) adotar uma política mais flexível para ajustes de preços nas refinarias de petróleo.

A produção de hidratado deverá cair 7,6 por cento em 2017/18 no centro-sul, para 13,86 bilhões de litros.

© Reuters. Plantação de cana-de-açúcar

Já a produção de etanol anidro, que é misturado à gasolina e se beneficia da preferência dos motoristas pelo combustível fóssil, deverá subir 1,7 por cento na nova temporada, para 10,84 bilhões de litros.

(Por Gustavo Bonato)

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