Por Rania El Gamal e Vladimir Soldatkin
DUBAI/MOSCOU (Reuters) - Grandes nações petroleiras estavam finalizando um acordo nas conversas do G20 nesta sexta-feira para realizar grandes cortes na produção de forma a elevar os preços abatidos pela crise do coronavírus, sendo que Rússia e Arábia Saudita ficariam com a maior fatia e os Estados Unidos sinalizaram que podem adotar ações inéditas para ajudar.
Riad, Moscou e seus aliados, que compõe o grupo informal Opep+, haviam forjado um pacto para reduzir a produção de petróleo cru em o equivalente a 10% dos suprimentos globais em conversas na quinta-feira, e disseram querer que outros cortem um adicional de 5%.
Mas os esforços para concluir o acordo da Opep+ emperraram quando o México se recusou a concordar com todos os termos.
O presidente mexicano, entretanto, disse que ouviu de Donald Trump que este pode fazer cortes em nome do México, embora o líder norte-americano não tenha sinalizado publicamente que Washington também faria cortes, ao invés disso ameaçando a Arábia Saudita com tarifas e outras medidas se o reino não resolver a crise do mercado de petróleo.
Grandes mercados de petróleo ficaram fechados nesta sexta-feira, quando os ministros de Energia do G20 fizeram uma videoconferência presidida pela Arábia Saudita, mas os preços não subiram após os cortes de quinta-feira – os maiores da história –, já que um corte de 15% dos suprimentos globais ainda deixa um excedente de petróleo enorme diante de uma queda de 30% da demanda.
As medidas para conter a disseminação do coronavírus esvaziaram a procura de combustível para aviões e carros, afetando os orçamentos de nações produtoras de petróleo e atingindo a indústria norte-americana de 'shale', que é mais vulnerável a preços baixos da commodity devido aos seus custos mais altos.
"Pedimos a todas as nações que usem todos os meios à sua disposição para ajudar a reduzir o excedente", disse o secretário de Energia dos EUA, Dan Brouillette, durante as conversas do G20, acrescentando que é "extremamente decepcionante" que Riad e Moscou não tenham concluído um acordo.
O pacto Opep+, se o México o assinar, causaria a remoção de 10 milhões de barris por dia, e outros 5 milhões sairiam de circulação se os EUA e outros assinarem.
O chefe da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol, disse que países importadores poderiam dar alguma ajuda ao mercado fazendo compras adicionais de petróleo cru para reservas estratégicas.
(Reportagem adicional de Olesya Astakova e Vladimir Soldatkin em Moscou, Ahmad Ghaddar, Alex Lawler, Shadia Nasralla em Londres e Florence Tan em Cingapura)