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Setor de transporte terá alta de 3,6% no custo com aumento do diesel, prevê associação

Publicado 28.08.2023, 12:39
© Reuters. Caminhões na Rodovia Conego Domenico Rangoni em Guarujá, SP. REUTERS/Paulo Whitaker
PETR4
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SÃO PAULO (Reuters) - O Índice Nacional de Custo do Transporte de Carga Lotação (INCTL) deverá subir 3,6% em agosto no Brasil, considerando o repasse da maior parte do reajuste de preços do diesel efetuado pela Petrobras (BVMF:PETR4) mais cedo neste mês, projetou a associação de transportadores NTC&Logística nesta segunda-feira.

Já o índice de custos para cargas fracionadas (INCTF) deverá subir 1,7%, segundo a entidade.

Ambos indicadores tinham apresentado recuos de 1,58% e 0,60%, respectivamente, no acumulado de 12 meses até junho, na esteira de uma baixa de quase 34% no custo do diesel no período, enquanto outros componentes do custo, como gastos com veículos e mão de obra, subiram 26,9% e 8,4%.

Para caminhões de carga lotação --que transportam produtos como grãos-- o custo do diesel acaba tendo um peso maior do que aqueles produtos fracionados, transportados por veículos menores.

"Dos quase 26% do reajuste feito pela Petrobras, é provável que vá pelo menos 20% para o custo na bomba, a hora que colocar na conta, vai quase empatar", disse o assessor técnico da NTC&Logística, Lauro Valdívia, ao indicar que o alívio de custos com diesel está com os dias contados.

O combustível já subiu nos postos brasileiros 19%, em média, desde que a Petrobras realizou o reajuste, em meados do mês, até a semana passada, segundo pesquisa da reguladora do setor de petróleo e combustíveis, a ANP, publicada na última sexta-feira.

Valdívia considera que há indicações no mercado internacional, como a postura de cortes de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), mais aliados como a Rússia, de que o preço do petróleo vai subir até o final do ano.

"Eles querem colocar o barril de petróleo a 100 dólares, a tendência é de aumento (do preço do diesel), se o governo não segurar...", disse.

"Tudo indica que o segundo semestre será difícil, vai depender do volume de carga, tudo indica que o custo não vai ajudar, pelo menos o diesel não vai ajudar", comentou.

Com exceção das cargas voltadas para o agronegócio, que registrou uma safra recorde, os volumes transportados não têm sido bons, disse o especialista.

"O pessoal de fracionado, que transporta vários tipos de cargas, a situação está ruim. Mesmo com o aumento do diesel, eles estão reticentes a pedir reajuste (do frete)", comentou.

Conforme o especialista, o transporte é um bom termômetro para a economia, e os volumes indicam que a economia não foi tão bem no primeiro semestre.

"Teve um período bom na área do agronegócio, mas a economia geral não está pujante", comentou.

Apesar da queda no preço do diesel, a defasagem do frete -- diferença entre o custo (calculado pela NTC&Logística) e a receita -- ficou em 12,1%, com ligeira alta na comparação com a pesquisa semestral anterior (11,2%), segundo pesquisa da associação.

Isso aconteceu numa conjuntura em que 46% dos transportadores -- que participaram de uma pesquisa da associação -- foram levados a oferecer desconto no valor do frete, enquanto 26% mantiveram os valores e 28% reajustaram os preços.

© Reuters. Caminhões na Rodovia Conego Domenico Rangoni em Guarujá, SP. REUTERS/Paulo Whitaker

Mais de 50% dos transportadores de cargas lotação disseram que sofreram "muita pressão" para reduzir o valor do frete, diante da variação negativa do preço do diesel, segundo o levantamento.

Sobre o futuro do valor do frete, 43% dos entrevistados acham que vai piorar para a categoria, enquanto 40% acreditam que ficará estável e uma parcela menor (17%) vê uma melhora.

 

(Por Roberto Samora)

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