SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, no Palácio da Alvorada, que sua política "é de não aumentar imposto", ao ser questionado sobre pleito da indústria de etanol para uma alta da Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide) na gasolina.
O presidente disse ainda que tem compromissos de campanha de não aumentar tributos. Ele ponderou também que, embora tenha sido procurado pelo setor sucronergético, diversas outras indústrias também estão sofrendo diante da crise gerada pelo coronavírus.
No caso do etanol, a indústria sofreu uma queda de cerca de 50% no consumo em abril, segundo dados do próprio governo, e também uma pressão nos preços, em um momento em que a safra de cana no centro-sul está começando.
Para o presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Evandro Gussi, "essa não é a resposta que nós esperávamos".
"É extremamente preocupante, o setor cada dia está à beira de um colapso. Vemos, por outro lado, que o presidente não virou as costas, esse diálogo continua aberto, para encontrar mecanismos para minimizar os danos", disse Gussi.
Ele disse que agora buscará estudar junto aos ministérios da Agricultura, Minas e Energia e Economia o que pode ser feito "para minimizar os danos".
Gussi lembrou que o setor tem também um pleito do financiamento de estoques de etanol, em uma operação conhecida como "warrantagem".
"Vamos ter que sentar e conversar de novo com o governo. É um fato muito preocupante..."
Gussi preferiu não comentar sobre quanto a Cide poderia ser elevada.
A fala de Bolsonaro veio após a Fecombustíveis, federação que representa postos de combustíveis no Brasil, ter enviado ofício ao presidente pedindo que o governo não elevasse Cide e nem criasse uma taxa de importação para o combustível.
Em meados do mês passado, o presidente da Petrobras (SA:PETR4), Roberto Castello Branco, já havia afirmado que a imposição de um imposto de importação sobre a gasolina ou mesmo um aumento da Cide para o combustível fóssil poderiam gerar problemas técnicos para a produção de outros derivados de petróleo no país.
(Por Roberto Samora em São Paulo e Ricardo Brito em Brasília)